Dia 24/03 tive a oportunidade de ir à Première do filme Suspiria- A Dança do Medo.

Ao receber o convite tive uma leve sensação que conhecia outro filme com o mesmo nome e encontrei a versão de 1977 na minha lista de “Quero Ver” no Filmow. Infelizmente não consegui assisti-lo antes, mas até o final do texto você entenderá o porquê acredito que não importa a ordem em que assistir.

Falando um pouco mais sobre a Première, ela aconteceu no tradicional Cine Marabá no centro de São Paulo e a escolha do local foi muito apropriada devida sua arquitetura. Todo o ambiente foi decorado com luzes vermelhas piscantes, que já ajudaram a entrar no clima do filme enquanto entrava no espaço. Durante a espera para o início do filme, no hall do cinema, uma moça começou a passar mal ao meu lado, tossindo muito, se chocou com a coluna e depois caiu no chão. De vários lugares saíram outras mulheres que a arrastaram e houve uma cena de dança antes da sessão. Palmas para a organização do evento.

Suspiria – A Dança do Medo

Mas voltando ao filme “Suspiria – A dança do medo”. A história se passa no ano de lançamento do primeiro filme 1977. E passa em uma escola de dança na Berlim dividida, assim como “Suspiria (1977)”. As personagens são praticamente as mesmas em ambos os filmes. Porém, as similaridades param por aqui. Apesar disso tudo as tramas andam em caminhos bem diferentes.

Começaria pelo fato do filme Suspiria mais recente trabalhar muito mais com a dança em sua história do que o original. E diria que isso faz muita diferença na história. A dança é importante para trama, o que traz mais sentido para o ambiente em que se passa. Sem isso tanto faz se passar em uma escola de dança ou qualquer outro lugar. Inclusive as coreografias são lindas e muito bem trabalhadas.

Ainda assim, acho que neste a história pode parecer mais sem uma estrutura lógica que o primeiro. Desta forma alguns podem encontrar “barrigas” na trama, já eu, vi de outra forma. Acredito que é exatamente isso que traz o terror psicológico para o filme, o não entender o que está acontecendo.

Ao mesmo tempo temos que ter atenção ao elenco. Sem as ótimas atuações que vemos aqui, a falta de estrutura da história não se sustentaria. Dakota Johnson constrói uma personagem muito bem equilibrada entre sua origem menonita e tímida e uma dançarina ambiciosa e com uma força sexual muito forte.

Ainda que todo grupo de matronas esteja muito bem construído não há como não destacar Tilda Swinton. Para quem já fez ou faz dança, com certeza verá nela aquela professora mais rígida que todas já tivemos. Seu ar blasé, sua rigidez (física e de caráter). Entretanto não é só nesse papel que ela impressiona, deixo para vocês descobrirem quais são os outros personagens que ela interpreta.

Por fim, quanto as características técnicas, daria destaque a trilha sonora composta por Thom Yorke, essencial para o suspense. Outro ponto notável é a estética do filme. A direção de arte, os enquadramentos e a edição são claramente uma homenagem a estética do filme original e do estilo dos filmes de terror dos anos 70.

Suspiria (1977)

Com isso, aproveito o gancho para voltar à obra original. O maior vínculo entre os dois filmes é a estética. Eu diria até que Luca Guadagnino fez do seu filme uma grande homenagem a Dario Argento. Todas as cores, cortes, formas de conduzir a câmera, enquadramentos vem daqui.

Infelizmente este filme tem pouquíssimas cenas de dança e esta não é utilizada para construir a narrativa. O que a meu ver faz este filme perder pontos em comparação com o remake.

O elenco também não impressiona tanto, ficando dentro da média. Outro ponto que me incomoda é como os filmes italianos dessa época tem um problema sério de sincronia entre imagem e som. Ainda assim, destaco o trabalho feito com a palavra “witch” como um sussurro misterioso em algumas cenas.

Para quem não está acostumado a ver filmes antigos a trama pode parecer arrastada, por isso recomendo que assistam com a mente aberta. Independente disso, é importante ver como esse filme é importante para a construção do gênero do terror psicológico e todo o decorrer de filmes que vieram depois.

Por fim, apreciem a experiência visual que esse filme proporciona. Ele foi e ainda é inovador neste quesito. Uma obra de arte para ser apreciada. “Suspiria – A dança do medo” só é o filme incrível que é graças ao seu precursor.

Detalhe: os finais são diferentes. Depois de assistir conte em nossas redes sociais: qual você prefere?

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Fotógrafa, publicitária, traça de livros e apaixonada por cinema.

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