O que é necessário para que se tenha um bom filme de aventura de proporções épicas?

Fora o trivial a qualquer produção, há de se ter uma ótima equipe responsável pela direção de arte e efeitos especiais, além de uma trilha sonora impactante, que conduza o espectador a vivenciar todas as emoções que os personagens pretendem passar.

Isso “John Carter – Entre Dois Mundos” consegue transmitir muito bem. Sendo assim, onde teriam errado?

Inspirado em um personagem de quadrinhos e dirigido por Andrew Stanton, o filme narra as aventuras de John Carter, um cowboy do século XIX que acidentalmente é teleguiado para Marte e lá terá um papel decisivo para que o planeta não acabe sucumbindo a uma espécie de Guerra Mundial marciana.

Não se pode negar que existem diversos pontos positivos na produção, a começar por uma competente direção de arte e equipe de efeitos especiais. Acredito que nunca, na história do cinema, o Planeta Vermelho tenha sido tão bem retratado, pois a sensação é a de estarmos lá, tamanha a sua perfeição, inclusive dos movimentos dos nativos. A fotografia também é um espetáculo à parte, sendo as cenas no deserto dignas de lindos cartões-postais.

Outro mérito está na trilha sonora, que se apresenta e se faz notar com relevância na última meia hora do longa, nos momentos em que a tensão fica maior, em uma equipolência correta com a carga emocional presente nas tomadas.

Entretanto, está no roteiro o ponto fraco de “John Carter”. Além dos clichês básicos que competem ao gênero, um dos mandamentos para um bom filme de aventura é o bom senso no grau de informação que se passa ao espectador. Há momentos que complicam saber quem é da turma do bem ou do mal, por exemplo. A parte mitológica também ficou sobrecarregada, pois surgia em diálogos compridos e chatos. Inclusive, texto pouco metafórico, de uma forma geral. Quanto à função do tal nono raio, não sei se ficou tão claro para todos… Para mim não, pelo menos.

O time de atores é competente. Taylor Kitsch está bem na pele do herói, mas o mau ou, pelo menos, pouco aproveitamento de determinados nomes, me incomodou um tanto. É o caso de Dominic West, bom ator dramático que ficou deslocado e caricato na pele de um “vilão”, e principalmente de Ciarán Hinds, ator que recentemente roubava a cena no também adaptado “A Mulher de Preto”.

No mais, “John Carter” é uma produção que cumpre o seu papel fundamental, o de entreter. Portanto, vale o ingresso. Porém, nem de longe nos oferece aquele mundo mágico que a Disney outrora costumava fazer, e nem posso mensurar se de fato houve essa intenção.

É uma pena, pois a companhia gastou aproximadamente US$ 300 milhões entre a realização do filme e a divulgação, cifra épica para algo não tão grandioso assim em sua totalidade.

John Carter: Entre Dois Mundos (John Carter)

Sinopse: Um veterano da Guerra Civil americana é capturado e levado para Marte, onde é mantido prisioneiro. Mas ele acaba se tornando o maior guerreiro de todos os tempos, vivendo diversas aventuras.
Direção: Andrew Stanton
Elenco: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Willem Dafoe, Bryan Cranston, Ciarán Hinds, James Purefoy, Mark Strong, Dominic West, Thomas Haden Church, Samantha Morton.
Gênero: Ficção-científica
Duração: 132 min.
Distribuidora: Walt Disney Brasil
 
* Curto e Grosso é a sessão da Central 42 dos reviews de filmes e séries, apresentados de uma maneira rápida, direta e sem muito blá blá blá.
 
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