Dia 20 de janeiro fomos convidados para o ensaio aberto da peça Roque Santeiro, montada pela primeira vez em formato musical, com direção musical de Zeca Baleiro e direção geral de Debora Dubois.
O texto de Dias Gomes, que se tornou um clássico depois de ser proibido e adaptado com grande sucesso para a TV, será finalmente encenado no formato pensado originalmente pelo autor – como uma opereta popular.
Diante de um cenário inteligível, que conduz o espectador para as cenas, o texto do musical é conciso e amarra bem a história, popularmente conhecida através do sucesso da telenovela exibida nos anos 80.
A peça foi escrita em 1963 e deveria ter sido encenada em 1965, mas foi censurada pelo governo militar. Em 1975, Dias Gomes (1922-1999) adaptou a obra para a televisão, e esta versão também foi proibida. Só dez anos depois, em 1985, já com o país vivendo um processo de redemocratização, é que a novela foi levada ao ar.
Os figurinos chamam a atenção pela riqueza de detalhes, e a caracterização dos personagens gera identificação imediata com os aqueles apresentados na obra televisiva.
O elenco é composto por 13 atores e apresenta coreografias orgânicas, que misturam gestos e traços característicos dos personagens, como se reproduzissem festas populares na fictícia cidade de Asa Branca.
O elenco enfrenta muito bem o desafio de interpretar e acrescentar toques originais a papéis ainda vivos na memória do espectador. Jarbas Homem de Mello é Chico Malta; Livia Camargo faz o papel de viúva Porcina; Flávio Tolezani é Roque Santeiro; Mel Lisboa interpreta Mocinha, filha de Dona Pombinha, vivida pela atriz Nábia Villela, e do prefeito Florindo Abelha, interpretado por Dagoberto Feliz. O personagem do professor Astromar, que é apenas citado no original, ganhou vida na montagem atual.
Jarbas Homem de Mello caracteriza muito bem o Sinhozinho Malta, interpretado por Lima Duarte na televisão. O inesquecível bordão “tô certo ou tô errado?” faz parte do texto original e gera boas lembranças do personagem icônico, juntamente com chacoalhas do relógio e das pulseiras como Lima fazia.
Livia Camargo é a responsável em dar vida para viúva Porcina, personagem interpretado na novela por Regina Duarte e lembrada até hoje pelo figurino exagerado e cheio de babados, decotes profundos, cores fortes, óculos berrantes e brilho de dia e de noite. Livia leva Porcina aos palcos dando um toque especial para a viúva, mantendo as pitadas de humor e carisma da personagem.
Os destaques ficam por conta da atriz Nábia Villela, interpretando Dona Pombinha e Samuel de Assis como Zé das Medalhas. A dupla caracteriza os personagens de forma marcante e única.
O musical traz referências aos dias atuais e possui uma trilha toda trabalhada na brasilidade. Tem elementos de bolero, tango, baião, valsa e regionalismo.
Vale deixar claro e relembrar a observação de Zeca Baleiro – a peça é diferente da novela, desde o texto até a música.
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Roque Santeiro – O Musical
Estreia 27 de janeiro
Teatro FAAP – www.faap.br/teatro
Sextas e Sábados às 21h e Domingos às 18h
Rua Alagoas, 903 – Higienópolis, São Paulo
Tel. (11) 3662-7233 / 7234
Duração 120 minutos
Classificação indicativa – 14 anos
Até dia 14 de maio.
*Ingressos: Sextas R$ 80,00 (inteira); R$ 40,00 (meia). Sábados e Domingos R$ 90,00 (inteira); R$ 45,00 (meia)
*Dias 27 de janeiro e 03 de fevereiro:
Ingressos a R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)
Bilheteria quarta a sábado das 14h às 21 e domingo das 14h às 18h
Estacionamento no local
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