Um serial killer com pretensões literárias está mergulhado na difícil e intrincada tarefa de contar sua história, quando é interrompido pelo telefonema de uma amiga que o convida para dançar. Esse é o ponto de partida do espetáculo Osmo, que teve seus primeiros acordes no projeto Contos Brasileiros, realizado pelo SESC Pompéia, em 2010, que consistia em leituras de contos de autores brasileiros para estudantes de escolas públicas de São Paulo.

“Lemos o texto para uma plateia lotada de adolescentes, e na conversa que se seguiu à leitura, ficou evidente o grande impacto e empatia desta obra aguçando ainda mais o nosso desejo de adaptá-lo para o teatro”, conta Donizeti.

Estreou em março de 2014, no SESC Belenzinho dentro do projeto E se eu ficasse eterna?,  em homenagem aos dez anos sem Hilda Hilst.  Realizou sua segunda temporada no Instituto Cultural Capobianco durante os meses de julho e agosto, no SESC Ipiranga, em outubro e novembro de 2014.

Em 2015 o espetáculo participou da Ocupação Hilda Hilst, no Instituto Itaú Cultural e circulou pelo interior do estado através dos programas Circuito Cultural e Proac – Circulação, da Secretaria de Estado de Cultura. Em 2016, circulou pelo estado do Paraná, através do Programa Petrobrás Distribuidora de Cultura 2015/2016 e foi contemplado com o Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura para circular pela cidade de São Paulo e realizar nova temporada do espetáculo.

Osmo

Um dos contos do livro Fluxo-Floema (1970), OSMO ganhou adaptação de Susan Damasceno e Donizeti Mazonas.

“O centro de nossa investigação está essencialmente ligado à palavra. Em Hilda, a palavra nada tem de literário, pois a palavra é corpo. Diante da força e complexidade de sua escrita, sentimo-nos desafiados a imergir nessa alquimia de instrumentos verbais e recriar os enigmas e imagens que brotam de sua literatura”, conta a diretora.

“Hilda Hilst faz parte de nossas inquietações teatrais há muitos anos. Desde nossa estadia no Centro de Pesquisa Teatral – CPT, as cenas que construíamos para o projeto Prêt-à-Porter já tinham forte influência do universo literário desta autora. Em 2007 resolvemos adentrar definitivamente a escrita labiríntica de Hilda e levamos à cena A Obscena Senhora D, na qual eu atuava e o Donizeti dirigia”, complementa Susan.

Na montagem, Donizeti Mazonas é Osmo, um homem de meia idade, aparentemente sarcástico e amoral que vai pouco a pouco se revelando cada vez mais macabro. “Osmo é um anti-herói que busca compreender a dimensão da vida e da morte. Pensa unicamente em satisfazer os seus desejos, sem a interferência de uma moral que ponha freios aos seus instintos. Contudo ele busca em seus atos de horror a transcendência estética. Seu intento narrativo expõe tudo o que ele tem de humano, e isso implica percorrer os caminhos do bem e do mal”, explica o ator que tem se debruçado sobre a obra de Hilda já faz algum tempo.

“Osmo foi o meu quarto trabalho a partir da obra dela. Em 2016, eu dirigi o espetáculo Floema, com dois atores que era uma adaptação minha da obra homônima da Hilda. Além do teatro, também fiz duas incursões através da dança: primeiro como diretor, de um pequeno conto chamado Teologia Natural e depois como dançarino, de uma novela chamada Rútilo Nada”, comenta Donizeti.

A encenação é pautada por uma cenografia sintética, com poucos elementos, onde a luz cria espaços e tempos da ação. Como toda a peça se desenrola dentro de uma banheira, uma vez que o personagem narra a sua história enquanto toma banho, a cenografia é constituída essencialmente por um cubo de acrílico, que faz às vezes dessa banheira.

“A opção por este objeto em acrílico visa não somente à transparência, pois nele o corpo e a água podem ser vistos durante todo o tempo e em sua totalidade, mas essa transparência traz também inúmeros recursos de refração da luz, bem como de distorções do corpo”, diz Donizeti.

Um pouco mais atrás, na diagonal, um foco de luz ressalta a presença de uma mulher mais velha, cabelos vermelhos, olhos vazios, vestida apenas com uma combinação clara. A atriz Érica Knapp faz uma participação especial, sem dizer uma única palavra, mas presente durante todo o espetáculo.

OSMO

Oficina Cultural Oswald de Andrade (50 lugares)
Local: Teatro
Rua Três Rios 363 – Bom Retiro
Informações: (11) 3222.4683
Quinta e Sexta às 20h | Sábado às 18h
Ingressos gratuitos (retirar senha 1 hora antes)
Duração: 70 minutos
Recomendação: 18 anos
Reestreia dia 13 de Janeiro de 2017
Temporada: até 11 de fevereiro

Ficha Técnica:

Texto – Hilda Hilst
Direção, adaptação, figurinos e trilha sonora – Susan Damasceno
Concepção, adaptação, cenografia e interpretação – Donizeti Mazonas
Participação especial – Érica Knapp
Iluminação – Hernandes de Oliveira
Fotos – Keiny Andrade
Produção – MoviCena Produções Artísticas
Assessoria de Imprensa: Morente Forte
Realização – Núcleo Entretanto, da Cooperativa Paulista de Teatro

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DONIZETI MAZONAS

É ator, dançarino e diretor. Formado em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) atua na cidade de São Paulo desde 1995. Integrou o Centro de Pesquisa Teatral – CPT – coordenado por Antunes Filho de 1998 a 2002. Em 2003 fundou a Companhia da Mentira, onde atua como ator e diretor. Participou do Núcleo de Improvisação, dirigido por Zélia Monteiro de 2006 a 2013. Juntamente com Wellington Duarte criou o Núcleo Entretanto, em 2007, onde desenvolvem uma pesquisa voltada para dança-teatro-performance.

Principais Trabalhos Realizados

TEATRO: 2016 – Floema, texto de Hilda Hilst, adaptação e direção de Donizeti Mazonas, com Flávia couto e Maurício Coronado; 2015 – Uma Noite sem o Aspirador de Pó, de Priscila Gontijo, com direção de Suzan Damasceno; 2015- Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams, direção de Rafael Gomes; 2014 – OSMO, de Hilda Hilst, com direção de Suzan Damasceno; 2012 – Pais e Filhos, adaptação e direção do diretor russo Adolfo Shapiro, com a Mundana Companhia de Teatro; 2012 – Menos Emergências, de Martim Crimp, com direção de Juliana Galdino, para o 16° Festival da Cultura Inglesa; 2009 – Music-Hall, de Jean-Luc-Lagarce, direção Luiz Paetow, 2008 – A Obscena Senhora D, de Hilda Hilst, direção de Donizeti Mazonas e Rosi Campos, com Suzan Damasceno; 2008-2007 – Soslaio, de Priscila Gontijo, direção: Donizeti Mazonas e Gabriela Flores e 2006-2005 – O que você foi quando era criança?, de Lourenço Mutarelli, direção Donizeti Mazonas e Gabriela Flores; 2002-2000 – Prêt-à-Porter 3 e 4 sob a coordenação de Antunes Filho; 1997 – Jovens Bárbaros de Hoje, de Fernando Arrabal , 1995 – As Nuvens, de Aristófanes, 1994-1993 –  Werther, de Goethe, 1993-1992 – Gira de Romeu e Julieta, adaptação e direção da obra de W. Shakespeare, todos sob direção de Márcio Tadeu.

DANÇA: 2013 – Coisas que se poderia dizer no fim, com o Núcleo de Improvisação; 2012 – Desvio para o Chão e 2011Espetáculos Imprevisíveis, ambos com o Núcleo de Improvisação, direção de Zélia Monteiro; 2010 – Onde os Começos? A partir da obra Teologia Natural, de Hilda Hilst, Direção: Donizeti Mazonas, Concepção e Interpretação: Wellington Duarte e Eliana de Santana; 2010 – Rútilo Nada, a partir da novela homônima de Hilda Hilst, direção Daniel Fagundes, concepção e interpretação: Donizeti Mazonas e Wellington Duarte; 2009 – Por que tenho essa forma? e  2008 – Área de Risco, dirigidos por Zélia Monteiro, com o Núcleo de Improvisação. 2009 – Torso+Oco, concepção de Wellington Duarte, direção Donizeti Mazonas, para o 13° Festival da Cultura Inglesa; 2007 – Récita…de um Movimento Só, concepção de Wellington Duarte, direção Donizeti Mazonas.

CINEMA: Filmes de Longa Metragem: 2015 – Malasartes, de Paulo Morelli, 2014 – ZOOM, de Pedro Morelli, 2013 – A Obra, de Gregório Graziosi; 2011 –Meu País, de André Ristum; A Busca, de Luciano Moura; 2008 – Confissões de um Liquidificador, de André Klotzel; 2006: Otávio e as Letras, de Marcelo Masagão, personagem: Otávio; Tele-filme-TV Cultura: 2011 – Macbetho, de Danilo Solferini, ator e assistente de direção; Filmes de Curta Metragem: 2010 – Morto Vivo, de Gustavo Suzuki; 2007 – Pro Santo, de Tereza Menezes; 2007 – Um Zé, de Sabrina Greve; 2006 – Púgile, de Danilo Solferine, ator e preparador de elenco; 2001 – Os Fiéis, de Danilo Solferini.

SUZAN DAMASCENO

Formada em Filosofia pela UFRP – Universidade Federal do Paraná – 1995, Integrou durante 8 anos o Grupo Macunaíma/CPT (Centro de Pesquisa Teatral) de Antunes Filho, de 1998 a 2006. Neste período iniciou uma investigação de dramaturgia aliada à interpretação, que culminaria no projeto Prêt-à-Porter. Criou, atuou e dirigiu quatro textos: Pela Janela no primeiro formato apresentado em São Paulo; e os textos Os Esbugalhados Olhos de Deus Prêt-à-Porter 4; Uma Fábula e O Poente do Sol Nascente Prét- à- Porter5. Ainda no CPT, participou dos espetáculos Fragmentos Troianos com adaptação e direção de Antunes Filho. Este espetáculo estreou na Turquia em maio de 1999. Fez apresentações, também, no Japão, dentro do “Theater Olympics Festival”; este festival internacional reúne os maiores diretores da contemporaneidade, entre eles Bob Wilson (EUA), Tadashi Susuki (Japão), Tadeuz Thorzeopoluz (Grécia). Medéia I em 2001/02 e Medeia II 2002/04 duas adaptações diversas de Euripedes por Antunes Filho, em ambas fazia o papel da ama de Medeia. Também no CPT, ministrou aulas de corpo, voz e interpretação aos atores iniciantes além de coordenar o grupo de dramaturgia. Em 2009 a convite de Antunes Filho volta em cartaz com O Poente do Sol Nascente no Prêt-à-Porter coletânea, com temporada em São Paulo e na Cidade do Porto – Portugal. Em 2008 estreia o espetáculo A Obscena Senhora D, de Hilda Hilst, onde além da concepção é também responsável pela adaptação da obra, sob a direção de Rosi Campos e Donizeti Mazonas. Em 2010 a peça A Obscena Senhora D foi premiada pelo projeto Palco Giratório promovido pelo SESC, viajando em turnê durante todo o ano por todas as capitais e diversas cidades do Brasil. Em 2012, estreia o espetáculo Menos Emergências, no 16° Festival da Cultura Inglesa, texto de Martim Crimp, com direção de Juliana Galdino.  O Espetáculo circulou pelo SESI, no projeto Viagem Teatral e realizou temporada no SESC Pinheiros (SP), em julho de 2013. Outros espetáculos: 1996 Todos os que caem, de Samuel Beckett e A Sonata Fantasma de August Strindberg ambos com direção de André Pink. 1995/96 Beckett in Withe de Samuel Beckett direção de Mauricio Lencastre.

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Eterna Social Media, sempre conectada. Apaixonada pela natureza, ama os animais, vegan, bailarina, Naturopata e curiosa.

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