Meu nome é Ernesto pode ser definida em uma palavra: Sensibilidade.
A adaptação livre do texto “I’m Herbert”, do dramaturgo norte-americano Robert Anderson, nos faz rir e refletir sobre uma série de aspectos da vida.
Diante do cenário composto por móveis simples, conhecemos Marta e Ernesto, um casal de idosos na faixa dos 80 anos. Ambos já foram casados com outras pessoas e as confundem tanto quanto confundem seus próprios nomes.
Interpretados por Arthur Ienzura e Jéssika Menkel, o texto apresenta, com uma boa dose de humor, um pouco da vida desse casal de idosos, através de relatos de histórias e das situações do dia a dia. Porém, diante da confusão de memória do casal, fica impossível saber o que é fato real ou mera confusão mental.
Além do texto bem humorado e da situação reflexiva, o grande destaque fica por conta da interpretação. A enorme diferença de idade dos atores com os personagens exige um forte trabalho de composição, que se mostra nas expressões vocal e corporal, muito marcantes e cheias de detalhes.
O diretor Felipe Fagundes conseguiu o equilíbrio entre os protagonistas. Com muita sensibilidade, os diálogos fluem de forma natural, nos deixando longe de algo caricato. A composição física envolve o processo de maquiagem e caracterização, que ganha destaque diante da interpretação de alto nível dos atores.
Jéssika Menkel dá um show de interpretação. A postura, impostação vocal, os gestos delicados e lentos da idosa Marta são apresentados de forma hipnotizante e apaixonante. A personagem esbanja bom humor e carisma.
Arthur Ienzura nos apresenta o espírito jovem de Ernesto diante de uma tremenda transformação: O trabalho corporal do ator é marcante, envolve gestos sutis, construção de voz e humor. A atuação da dupla, guiada pela harmonia entre Ienzura e Menkel, nós permite vivenciar toda emoção do texto. Sentimos o peso da reflexão e saímos do teatro emocionados. Meu nome é Ernesto entra para a lista de peças imperdíveis.
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