Donna e The Dynamo voltaram com tudo para as telas do cinema. Impossível não mexer os pezinhos enquanto aquela música festiva do ABBA invade a cena ou que não venha um suspiro enquanto a Mamma Miamúsica brega dor de cotovelo se encaixa num momento fossa da vida. Mamma Mia! Lá vamos nós de novo é um convite para um flashback, uma oportunidade dos personagens da primeira safra te conquistarem mais ainda, aumentar a vontade enlouquecedora de se hospedar naquele hotel numa ilha grega e constatar: Cher e Meryl Streep são icônicas.

Se você não gosta do gênero musical, nem da banda sueca ABBA e nem de drama açucarado, simplesmente fuja deste filme. Agora se você quer se divertir, rir (pois tem ótimas frases vindas dos personagens coadjuvantes, além da composição destes) e estar aberto a deixar as músicas te levarem. Ai sim seu dinheiro será bem investido.

É uma obra ensolarada, onde tudo é bem coreografado, as imagens paradisíacas são um presente (parece publicidade de hotel chique e viagem para os que podem) e o elenco é realmente bom e completo (cantam, dançam e atuam).

Impressiona como todas músicas do ABBA são muito bem escolhidas para cada momento e fluem com harmonia. Falando em trilha sonora Mamma Mia 2 já é sucesso de vendas no Reino unido e a trilha sonora do primeiro está entre as trilhas de filme mais conhecidas e vendidas.  Cada música é muito bem adaptada e interpretada, mesmo que seja pelo galã (já bem mais maduro, mas com charme único que Pierce Brosnan exala). Ele não canta nada bem, mas seu Sam conquista.

É importante para entender a continuação ter assistido o Mamma Mia de 2008?

Sim! Mas caso não tenha paciência ou se aventure a entrar na sala em busca do inesperado aí vai um resumo:  Donna (Meryl Streep) é proprietária de um hotel na fictícia Ilha grega Kalokairi e mora com sua meiga filha Sophie (Amanda Seyfried) que se casará com Sky (Dominique Cooper). Sophie quer ser acompanhada pelo pai até o altar, mas desconhece quem seria o biológico e envia convite do casamento para os 3 ex namorados da mãe: Harry (Colin Firth), Sam (Pierce Brosnan) e Bill (Stellan Skargard). No casamento aparecem os 3 possíveis pais e as melhores amigas de Donna que formam desde a adolescência com esta a banda “Donna e The Dynamo” composta por Rose (Julye Walters) e Tania (Christine Baranski). O final é feliz como quase todo o musical e as mocinhas da história (Donna e Sophie) sofrem e resolvem seu passado.

Após 5 anos da descoberta do pai e 10 anos que Mamma Mia foi rodado, agora temos o britânico Ol Parker, que dirige e roteiriza juntamente a Richard Curtis.

O roteiro segue com a mesma história do musical Mamma Mia que estreou em 1999 no teatro e foi escrito por Catherine Johnson homenageando o ABBA.

Agora em 2018 Parker traz para o cinema outras músicas dos suecos e versões das que tocaram no filme de 2008 dirigida por Phyllida Lloyd.

Sequências têm tudo para ser um tiro no pé, mas Ol acerta e entusiasma. É um filme cheio de vigor, brega e envolvente. Os atores da primeira versão brincam com seus personagens e fazem graça como o tempo os mudou esteticamente e os envelheceu. Quem já era bom em 2008 só melhorou em 2018.

A má notícia e spoiler é que já no começo do filme o espectador sabe que Donna (Streep) faleceu, logo teremos raras aparições da atriz desta vez.

Após sua morte, Sophie (Amanda) deseja homenagear a mãe e reinaugurar o Hotel Bella Donna. Ela tem ajuda de Sam (Brosnan) que viveu com Donna até seu falecimento, além da presença quase maternal de Rose e Tania. Sophie está passando por sérios problemas no relacionamento com o marido Sky (Cooper) que igualmente aos seus pais de coração Bill (Stellan) e Harry (Firth) estão distantes e não presentes num momento tão difícil.

Neste gancho Ol nos leva ao passado de Donna (que se assemelha muito a filha, mas é mais ousada) e nos faz conhecer a versão mais jovem dos emblemáticos personagens da primeira versão.  Donna agora interpretada pela hipnotizante beleza e talento de Lily James (de “Cinderela “e Ritmo em fuga”) recém-formada, se joga no mundo em busca de sentido para sua vida, numa aventura libertadora pela França e Grécia. Ela se sente abandonada pela mãe (Ruby) que é uma cantora de sucesso e onipresente na vida da filha e isso é um motivo que lhe faz chutar o balde. Então ao se aventurar sozinha pelo mundo ela conhece seus 3 casos amorosos e engravida.

Mamma Mia

No meio do caos, Donna encontra um lugar abandonado que ela reconstrói sozinha e será esse futuro hotel que Sophie ficará como herança.

Os romances de Donna são intensos e passageiros e aqui nesta versão mais jovem de seus pretendentes são muito bem interpretados por Hugh Skinner, Jeremy Irvine e Josh Dyllan que eu desconhecia seus trabalhos artísticos e aqui apresentam interpretações com trejeitos perfeitos dos seus personagens na primeira versão, além de serem sedutores e cantarem muito bem. Fiquem atentos a cena que “Waterloo” invade a tela e um show de criatividade é vivenciado.

Os pontos altos desta versão é o arriscado desafio de Lily James de dar vida à Donna jovem. Viver algo construído por Streep não é tarefa fácil, mas Lily já conquista pelo sorriso e doçura que vimos em Meryl e o diretor escalou acertadamente uma atriz lindíssima, excelente nos vocais e que tem qualidades que ficam claras para o espectador o porquê a personagem faz os homens se encantarem.

Outra que nos apresenta uma construção maravilhosa de personagem e tem os melhores textos cômicos é a sexual e burguesa Tania, que é um achado interpretado novamente por Baranski.

Não posso deixar de citar a aparição de Andy Garcia e que juntamente a Cher brilham aos estarem juntos no filme.  Falando em Cher é uma surpresa, um atravessamento delicioso e nos traz uma performance especial que não pretendo estragar a surpresa. Parker joga um refletor na sua interpretação e faz Cher brilhar.  Tem como mais ainda?

Mamma Mia! Lá vamos nós de novo tem obviamente pontos negativos e sempre acho que mocinhos protagonistas como Sophie e Ski pecam pela chatice e infelizmente cantam as músicas mais enjoadas da seleção, além de que as tomadas com estes atores juntos é o ápice da breguice. Ainda bem que a história fica mais centrada em Donna e eu até esqueço de ficar impressionada como Amanda Seyfried está magra demais se moldando a Hollywood, Cooper exagerou no boto e todo mundo ainda critica o resto retocado de Cher.

É bonito ver um filme que fala de duas mulheres da mesma família que tentam se reerguer no caos em momentos diferente e seguem sonhando. A letra “I have dream” diz muito que a mensagem do filme quer passar. Sim, musicais podem ter alguma coisa a dizer, mesmo que muitos torçam o nariz para o gênero. Uma história de amor, superação e a música que une todos.

Duvido que não seja divertido ver com a família, com amigos ou num dia que não foi tão bom.

Se estiver sensível é possível se emocionar com o dueto Amanda e Meryl em My love, My Life. Será delicioso ouvir novamente Dancing Queen ou Mamna Mia com aquelas coreografias apoteóticas, aquele azul e clima paradisíaco diante dos olhos e se apaixonar por músicas que você desconhece do ABBA (estou enamorada de Andante, Andante).

Mas após 10 anos fico com a certeza que Donna é o espírito do filme, além de ser uma mulher à frente do seu tempo nos anos 70.  Que com certeza esta sequência é melhor que a anterior e às vezes filmes com sentimentalismos são necessários.

Por favor, não saia da sala até o fim dos créditos. Há uma coreografia improvisada pelos atores e arrasadora de “Super Trouper” que o diretor nos presenteou.

E confesso eu acho um máximo uma banda ser imortalizada num musical, no cinema e ser sempre sinônimo de sucesso. Dizem que possivelmente terá a terceira parte, mas eu acho que essa segunda fatia do bolo já é o suficiente.

Author

Atriz há 16 anos, apaixonada por cinema. Filha do gerente do ex-cinema Marrocos.

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