Além de o título remeter à data de seu aniversário, A Noite de 16 de Janeiro marca a volta de Jô Soares aos palcos como ator, Jô Soarescujo último espetáculo foi em 2007, com adaptação de poemas de Fernando Pessoa em Remix em Pessoa.

“Estava pesquisando textos, procurando algum que me levasse de volta aos palcos como ator, quando esse me chamou atenção justamente pelo título. Decidi ler e adorei. Ayn Rand é genial e sou fascinado por histórias de tribunal. Também me chamou atenção o fato da plateia participar como júri. Então, achei o que queria,” comenta Jô que, além de atuar, assina a tradução e direção do espetáculo.

Da filósofa russo-americana Ayn Rand, A Noite de 16 de Janeiro é um peça que se passa em 1934 e encena o julgamento de um homicídio. O Tribunal do Júri é apresentado ao caso de Andrea Karen, ex-secretária e amante do empresário Bjorn Faulkner, acusada de seu assassinato. A peça não retrata, de forma direta ou sequencial, os eventos que levaram à morte do empresário.

Ao invés disso, os jurados e a plateia devem confiar nos testemunhos das personagens para decidir se Andrea Karen é culpada ou inocente. O final do espetáculo dependerá deste veredicto. Há duas possibilidades de final: Andrea Karen é considerada culpada ou absolvida, conforme decisão do Conselho de Sentença formado por 12 pessoas selecionadas da plateia no início do espetáculo.

Essa é a segunda montagem do texto no Brasil. Jô chegou a assistir a primeira, em 1949, com Paulo Autran e Nydia Licia no início do TBC. Junto com Matinas Suzuki Jr, com quem também escreveu as memórias de “O Livro de Jô – uma autobiografia desautorizada”, Jô Soares traduziu o texto desta encenação, como costuma fazer com todos os textos estrangeiros que dirige, pois afirma que sua direção já começa ali, na adaptação da peça.

Em sua quarta parceria com Jô, o produtor Rodrigo Velloni conta: “quase todo o elenco dessa montagem já trabalhou com a gente nas três produções anteriores, dirigidas pelo Jô, e foram escolhidos pelo próprio que me ligou ano passado dizendo que havia encontrado essa peça, estava gostando muito da autora e que gostaria de traduzir, adaptar, dirigir e atuar. Então, fui atrás dos direitos,” afirma Velloni que também produziu Atreva-se, Histeria e Tróilo e Créssida.

Sobre a autora

Nascida em 2 de fevereiro de 1905, Ayn Rand foi uma filósofa, escritora e roteirista nascida e educada em São Petersburgo. Com a Revolução Russa, Rand se mudou para os Estados Unidos e passou a escrever roteiros e atuar como figurante para ganhar dinheiro. Em 1935 sua peça A Noite de 16 de Janeiro foi um sucesso de bilheteria na Broadway, sendo apresentada 283 vezes.

Ela passou os anos seguintes escrevendo seu primeiro romance, We the Living, sobre a luta para encontrar liberdade na Rússia soviética. Rand foi conhecida por desenvolver um sistema filosófico chamado Objetivismo, que enfatiza suas noções de individualismo, auto sustentação e livre mercado, e está presente em seus romances de maior sucesso, A Nascente e A Revolta de Atlas. Seus livros vendem 300.000 cópias ano após ano mesmo sem publicidade dos editores e sem serem indicados por professores universitários.


Minha análise de A Noite de 16 de Janeiro

A convite da Morente Forte, pude apreciar e me maravilhar com esta excelente peça de direção e participação de Jô Soares.

Para quem é fã de histórias de tribunais, seja em literatura, cinema ou TV, vai adorar esta montagem muito bem cuidada e adaptada para o teatro.

Com um texto primoroso, personagens bem construídos, representados por um elenco escolhido a dedo pelo próprio Jô, pequenas doses de humor que quebram sem diminuir o tom sério do julgamento, A Noite de 16 de Janeiro é uma escolha imperdível para os amantes do teatro.

Jô Soares, como o juiz Jhonatan Sloane, transborda carisma e respeito em sua atuação que, em muitas vezes, se percebe como está se divertindo ali no palco batendo seu martelo.

Outro ponto importante é a escolha de doze pessoas da plateia para compor a bancada de jurados. Doze pessoas que irão “brincar”, como diz Jô Soares em vídeo no início do espetáculo, somados ao elenco e que, ao final, irão decidir a sentença da personagem julgada. Imagino como deve ser esta experiência incrível em participar e assistir à peça no palco, próximo aos atores. Acho que terão muitas pessoas, até o final da temporada, disputando para estar numa dessas cadeiras.

Quem estava com saudade de Jô Soares, após o término de seu programa na TV, e quer apreciar um excelente texto com maravilhosas atuações, deve reservar já seu ingresso. Super recomendo.

A NOITE DE 16 DE JANEIRO

Teatro Tuca (672 lugares)
Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes
Informações: 3670.8455
Vendas: www.ingressorapido.com.br e 4003.1212
Bilheteria: de terça a domingo a partir das 14h. Aceita dinheiro e todos os cartões, crédito e débito. Não aceita cheque. Acesso para deficiente. Ar-condicionado. Vallet no teatro aos sábados e domingos – R$ 20. Estacionamento conveniado: Píer Park da Rua Monte Alegre, 835 – R$ 14.
Sextas às 21h30 | Sábados às 21h | Domingos às 19h
Ingressos: R$ 100
Duração: 110 minutos
Recomendação: 14 anos
Estreia dia 05 de Maio de 2018
Temporada: até 09 de Dezembro

Author

Amante de filmes, séries, quadrinhos, action figures. Fundador e Editor chefe do Central 42.

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