American UltraToda cidadezinha – não, melhor ainda – todo bairro, toda rua, tem o drogado local. Estou falando daquele cara que chega em casa, bota a Janis no último volume e saca a maconha. Por mais que ele seja um cara legal, talvez você o tenha pego fumando vezes o suficiente para achar difícil de levá-lo a sério. Por exemplo, se qualquer outra pessoa te contar uma daquelas histórias meio loucas, como uma de fantasma ou alienígenas, você pode até querer acreditar, mas se o cara com um baseado na mão for o narrador, você sempre vai achar que a erva teve alguma participação no caso. E é assim que começa American Ultra: armados e alucinados.

Então quando fiquei sabendo que Jesse Eisenberg iria interpretar o maconheiro Mike, algum tipo de célula desativada no mundo dos agentes secretos, esperei um pastelão. Mas não, na verdade está um pouco além disso. Apesar de ser uma comédia, não é um filme em que você considera rir.

Eisenberg é um agente de um programa da CIA que falhou. Ele é o último sobrevivente e funciona como uma célula dormente: não tem nenhuma lembrança de seu treinamento nem do que é capaz. Victoria Lassiter (Connie Briton), idealizadora do programa, fica sabendo que pretendem eliminar seu último soldado, hoje só mais um civil levando uma vida normal, e resolve ativar o treinamento dele para que possa se defender dos assassinos que virão. Ainda sem se lembrar de nada de seu passado na CIA, é a partir desse momento que Mike revela seu potencial de Jackie Chan (não que ele tenha as mega habilidades de Chan, mas ele tem aquele estilo de cara que parece bonzinho à primeira vista, mas é capaz de causar muitos danos).

American Ultra++Mike consegue se transformar no homem que usa uma pá como instrumento letal sem perder a característica meio abobalhada. Tem um pouco mais de sangue do que se espera; sem exageros, só o suficiente para ser mais real. Algumas reviravoltas também mantem o espectador interessado, como Phoebe, interpretada por Kristen Stewart, que é muito mais do que apenas a retardada que se apaixonou pelo cara mais patético da cidade.

Enfim, American Ultra interessa e prende ao não ser exatamente o que se espera; não por ser muito bom ou muito ruim, apenas diferente do que se imagina.

Author

Universitária, escritora de contos presos na gaveta, nerd e "apenas uma dessas pessoas estranhas".