Para minha sorte, não é bonito nem educado, nem um homem do mundo: Pablo é, simples e claramente, fascinante.

Essa frase está no livro “Amando Pablo. Odiando Escobar” de Virginia Vallejo. Livro esse que inspirou o diretor Fernando León de Aranoa a fazer esse longa-metragem. Virginia Vallejo, era uma Escobarbela e famosa apresentadora de TV, que se encantou com Pablo Escobar e tornou-se não só a amante dele, como a companheira e cúmplice para todas as horas. No livro, Virginia Vallejo, dá detalhes sobre toda a história criminosa de Escobar e sobre seu intenso amor por ele.

O filme “Escobar – A Traição” conta a ascensão e a queda do traficante Pablo Escobar (Javier Bardem), pelos olhos de sua amante Virginia Vallejo (Penélope Cruz). O filme narra 10 anos da vida de Escobar em apenas 2 hora. Infelizmente, pouco tempo para uma história fascinante como a dele, e muito menos para abordar um relacionamento intenso e tão doentio como o deles. Esse detalhe foi um dos maiores erros no longa-metragem.

Uma pena Fernando León, se perder na história, não dá a devida atenção aos detalhes da narrativa do livro, Virginia Vallejo é a bola da vez, o nome do filme já diz tudo, é sobre o relacionamento dos dois e sobre a suposta traição dela. Mas o roteiro é ruim, confuso, quer a qualquer custo mostrar Pablo sendo Pablo, e não a história dos amantes e como aconteceu a queda de Escobar. E também não dá a personagem Virginia Vallejo a importância que ela merecia nesse filme.

Por mais que Penélope Cruz faça a personagem Virginia Vallejo muito bem, mas o roteiro não ajuda e não conseguimos ver o grande amor que eles sentiam um pelo o outro, não vemos a fase doentia do relacionamento, e não vemos o amor e a admiração virarem ódio.

E tenho mais um detalhe a destacar, e é outro agravante na obra, é a escolha do idioma, Fernando León, opta por ser em inglês, e isso incomodou demais. Escobar e Virginia são Colombianos, os atores escolhidos para o papel falam espanhol e a escolha do idioma em inglês faz o filme perder mais ainda o encanto.

Mas o filme não é de todo ruim, Javier Bardem, como sempre brilhante em seu papel, faz com maestria o personagem de Pablo Escobar, Penélope Cruz, fascinante em seu papel da amante apaixonada. Se vale a pena ir ao cinema ver “Escobar – A Traição”? Sim! Mas só para não perder essa dupla incrível juntos nesse projeto. E claro, para quem não conhece a história de Pablo Escobar, ou se não viu nenhuma produção sobre a vida dele.

Author

Cineasta formada pela Academia Internacional de Cinema. Produtora audiovisual, dirigiu o curta metragem "4:23" em 2016 e "Dissonantes" em 2017.

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