Hoje, 29 de outubro, é o Dia Nacional do Livro. E é preciso mesmo celebrar, pois diante de tantos “rivais”, como a internet ou os livros digitais, ainda há espaço para ele comemorar e muito.
Imagine se, no dia de hoje, para comemorá-lo, todos os escritores brasileiros se reunissem para festejar o dia. Imagine mais ainda – que todos os escritores falecidos tenham se rebelado e voltado para perto de nós para esse evento. O que será que iríamos presenciar?
Teríamos, no mínimo, uma centena de autores, agora, todos vivos (imaginemos!), com suas obras-primas à mão, as pessoas se aglomerando para vê-los, numa euforia só. Começaríamos a ouvir suas leituras, percorrendo olhos e articulando bocas, para justamente nos dizerem o quanto uma leitura encanta.
Olha lá o Machado no palco, com sua elegância e em mãos a sua Capitu, narrando-nos um dos episódios até hoje enigmáticos. Perguntaríamos a ele se houve mesmo uma traição? Quem teria essa coragem? Essa seria a nossa chance de saber. Ou não.
E João Ubaldo Ribeiro, ao lado de Ignácio de Loyola Brandão, Affonso Romano de Sant’Anna ou de João Antônio, o que poderia acontecer quando chegasse a vez deles de se apresentarem ao público? No mínimo, um bom papo sobre o significativo dia de hoje.
Sem contar no reencontro entre: Macabéa, As Meninas, Caetana, Os Meninos Verdes, Policarpo Quaresma, Os Garotos da Rua Noel Rosa. O que eles iriam “aprontar”? Veríamos algum movimento no palco, beirando a uma apresentação teatral, ou algo parecido, cujos personagens de Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Cora Coralina, Lima Barreto e Carlos Drummond de Andrade começariam a nos mostrar seus questionamentos.
Enquanto espectadores e expectadores, estaríamos, a essa altura, absortos diante de cenário camaleônico e plural que ali se re(a)presentaria. O momento proporciona a todos uma reflexão sobre o dia a ser comemorado e, no mesmo instante, todos que carregam consigo um livro procuram suas páginas preferidas.
A certa altura, após apresentações e representações daquelas personagens, o espectador, na expectativa, seria convidado a ler um trecho de uma obra preferida. Você, leitor, é encantadoramente convidado por Graciliano Ramos e Raquel de Queiroz a ler o seu trecho preferido, do seu livro mais dileto e, de repente, já com as mãos em movimento, de encontro às páginas do livro, prepara-se para ler, em alto e bom som, a todos que o observam, o que considera especial. É o seu momento. Estar com o livro e compartilhar com os demais ouvintes as suas impressões do que escolheu ler.
E para finalizar as comemorações do Dia Nacional do Livro, o leitor seria convidado a trocar a sua obra preferida com um dos autores da plateia. Qual seria o escritor com o qual você “trocaria” a sua obra? Talvez, não saberia escolher diante de tantos nomes que ali te assistissem, naquele palco. Seria provável que a dúvida surgisse. Natural, pois todos nós teríamos a mesma sensação.
O que ficaria de todo o encontro é a celebração à leitura, ao que o objeto livro – obra de arte (por que não?) desperta em seu leitor, aos caminhos que podem ser seguidos, desvendados, aos mistérios, aos sentimentos descritos e sentidos. E a proposta final é: chegue em sua casa, procure um livro que não tenha lido ainda, mas que há muito tempo quer fazê-lo. Será o seu segundo momento. Bem-vindo ao dia Nacional do Livro, do seu livro.
(*) Renata Ribeiro de Moraes é Profª Drª em Literatura Brasileira e Assessora Pedagógica do Grupo Saraiva
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