Temos oficialmente o pior episódio de todas as temporadas de Game of Thrones. Brilhante diretor de fotografia, Michael Slovis mostra que ainda tem um longo caminho a percorrer para se tornar um bom diretor. Na série, ele se iguala a Vanessa Taylor, aquela irresponsável que entregou os piores roteiros já escritos em Game of Thrones. Se juntar Vanessa Taylor no roteiro e Michael Slovis na direção, não sai um episódio decente em Xena.
Onde estão Michelle MacLaren, Alex Graves e Alik Sakharov? São diretores que fizeram um excelente trabalho em temporadas anteriores. Outro grande nome é David Nutter. Ele dirigirá os dois últimos episódios e isso é o único alento que tenho agora.
O roteiro de Weis e Benioff já trazia um ritmo bastante lento e com poucos avanços na trama. Em primeiro lugar, é o segundo episódio e começa no ponto onde acabou a quarta temporada. Ausente no primeiro episódio, o núcleo de Arya começa a explorar Bravos, Cersei move Jaime em uma mudança de rumos que não condiz com sua condição de chefe da Guarda Real, Dany tem que administrar outro conflito em Meereen (de tantos que não convencem em nada) e Jon, que de forma relâmpago declina uma oferta de Stannis (sem que o roteiro mostre a decisão), assume um cargo importante na eleição mais constrangedora da história da TV. Tyrion se limita a resmungar e beber. Peter Dinklage está ganhando o dinheiro mais fácil da vida até agora.
A fotografia deste episódio foi deprimente. Nunca um episódio de Game of Thrones foi tão azul e laranja. O episódio deveria se chamar The World of Blue and Orange. Além do excessivo uso dessas duas cores durante todo o episódio e em todos os núcleos, ainda temos uma péssima inserção de cenários digitais, daqueles que percebemos os atores em contraste com o cenário. Logo de cara vemos algo muito estranho nos cenários digitais em Bravos. Mal feito, muito mal feito. O plano que mostra Arya caminhando em direção à porta da Casa do Preto e Branco é digna de efeitos do anos noventa. Em HD isso piora. O mesmo acontecerá em uma perseguição a cavalos no núcleo de Brienne (que encontra Sansa em uma enorme coincidência de roteiro preguiçoso e desonesto) e em absolutamente TODAS as sequências com cenários digitalmente inseridos.
Pra piorar, Slovis posiciona tão mal sua câmera que deixa planos dignos de novelas mexicanas para o montador que, precisando fazer milagre com ângulos esquisitos e planos-sequência amadores, faz o episódio parecer uma dessas adaptações bíblicas da Record. Como se não bastasse o mau gosto para posicionar a câmera, Slovis dirige mal os atores. Sequer se parecem com os personagens densos que vimos em temporadas anteriores.
O mesmo desastre acontece na assistência de direção, que também dirige mal os figurantes, como fica claro na revolta de Meereen e na eleição da Muralha. Esse não é o único problema. Sempre eficiente na apresentação de figurino e maquiagem, neste episódio os personagens parecem fantasiados. Note que Bronn faz cosplay de Bronn. Os figurantes em Meereen sequer passaram por maquiagem. Fica nítido que as pessoas simplesmente chegaram para figuração, coloram a roupa e seguiram para o set. Todo mundo limpo, com o cabelo que acordou e fantasias para fingir uma revolta. Lamentável.
A única explicação que tenho pra isso, além da notória falta de habilidade na direção de Slovis (e repito: genial diretor de fotografia em Breaking Bad), é que todo o dinheiro do episódio foi gasto para a cena final com Drogon. É o que (quase) salva o episódio.
Tchau, Slovis. Valar Morghulis.
2 Comments
Vc percebeu tudo isso assistindo o episódio apenas uma vez? Sério mesmo??
Olá, Caio. Anoto tudo durante o episódio e depois monto o texto. Abs, JRB.