You know SPOILER, Jon Snow
(Ygritte)
Como todo ano em Game of Thrones até agora, o penúltimo episódio sempre reserva o ponto alto, seja na grandiosidade da batalha na segunda temporada, seja emocionalmente como foi a morte de Ned Stark ou o Casamento Vermelho. Não poderia ser diferente com The Watchers on the Wall e nenhum outro evento do livro A Tormenta de Espadas traria tanto material para um episódio digno de final de temporada como esse. A diferença aqui é que o desfecho da batalha e as grandes emoções foram deixadas para o último episódio, algo que já estava em tempo de ser resolvido em vez de terminar a temporada com aqueles episódios administrativos de fim de novela.
Mais um excelente roteiro de D&D, dirigido por Neil Marshall que já entregara a impressionante Batalha da Água Negra em 2012. Com os mesmos acertos da segunda temporada, D&D e Marshall investem na construção da tensão mostrando vários relacionamentos entre os irmãos da Muralha nos momentos que precederam a investida selvagem contra Castelo Negro. É fácil encontrar elementos semelhantes presentes nos dois episódios: se na segunda temporada vimos como Sansa foi capaz de acalmar outras garotas aterrorizadas por Cersei, dessa vez vemos Sam encorajar Pip, assim como a deserção de Sandor se compara à covardia de Janos e, ao final dos dois episódios, a derradeira liderança de Tyrion nos portões de Porto Real e a de Jon Snow à base da Muralha. Não são coincidências, mas elementos que funcionaram no roteiro escrito por GRRM e que foram inteligentemente recuperados aqui por D&D.
Com planos abertos espetaculares, Marshall consegue mostrar toda a dimensão da primeira noite de batalha e não perde a mão da narrativa quando mostra o detalhe fechado no castelo defendido pelos corvos liderados por Alliser Thorne. Competente ao retratar a maior fogueira já vista no norte, o diretor conta com convincentes efeitos visuais e especiais para mostrar os Gigantes e alguns segredos de defesa da muralha de gelo, como a incrível lâmina usada para dilacerar aqueles que tentavam escalá-la – que não ficou devendo nada para o fogovivo de Tyrion.
Outro grande acerto foi investir na construção do personagem de Alliser Thorne. Até aqui retratado como um dos principais antagonistas de Jon Snow, neste nono episódio vimos um grande líder, reconhecendo parcialmente seus erros e, mais do que isso, inspirando os poucos homens que tinha à disposição para a morte certa. Thorne ainda foi para a linha de frente como um verdadeiro guerreiro, muito distante daquele odioso oficial que conhecíamos. A mudança repentina e constante de liderança foi bem conduzida por Marshall e contribuiu para o amadurecimento imediato de alguns personagens importantes na defesa da guarnição. Assim, todos os personagens secundários do núcleo de Jon Snow tiveram grandes momentos durante o episódio, o que foi fundamental para evitar o clichê que seria depositar sobre o bastardo de Ned toda a responsabilidade da vitória.
Por pouco a resolução dos conflitos individuais não se tornou episódica como fora a batalha na Fortaleza de Craster, aquela velha pancadaria com chefes e subchefes se enfrentando entre tantos figurantes batendo espadas em volta. Consciente disso, a direção resolveu os conflitos de maneira mais inteligente, reservando apenas a luta entre Jon e Styr como preparação para o momento mais triste da noite: a despedida da linda Ygritte.
Em meio a selvagens sanguinários, Ygritte agia como uma assassina sedenta por vingança, claramente motivada pela decepção que tivera com Jon Snow. Sua hesitação já fora construída em episódios anteriores quando atirou-para-não-matar em Jon e quando salvou Gilly e seu bebê durante a investida selvagem no bordel, tudo isso para conduzir a personagem ao seu reencontro com o bastardo, que teve outro grande momento na série.
Kit Harington se entregou ao personagem na medida certa em cada momento que esteve em cena. Sempre concentrado no perigo que todos corriam, Harington soube investir corretamente expressões ao falar respeitosamente com o Lorde Comandante, ao sorrir para o amigo Sam, ao perceber a morte de Ygritte. Foi além: após uma noite inteira de batalha e após perder dezenas de amigos (e Ygritte!), o ator preparou perfeitamente a voz para interpretar um devastado Jon Snow na manhã seguinte (dessas coisas que dublagem nenhuma será capaz de reproduzir). E o que dizer do momento em que salta para o combate antes que o elevador pare?
Posso afirmar que o próximo domingo será o melhor final de temporada que Game of Thrones já teve. Conhecendo os livros, afirmo que nada nessa série foi tão grandioso quanto o que está para acontecer com tantos personagens espetaculares no próximo episódio… e assim vamos nos despedindo de Game of Thrones e já partindo para aquele período insuportável do ano que vai do mês de junho ao mês abril.
Próximo episódio: The Children (Season Finale)
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* O texto é de autoria de José Rodrigo Baldin e pode ser encontrado em seu blog pessoal
Veja as análises, dos episódios anteriores, nos links abaixo:
- Análise de Game of Thrones S04E08: The Mountain and the Viper
- Análise de Game of Thrones S04E07: Mockingbird
- Análise de Game of Thrones S04E06: The Laws of Gods and Men
- Análise de Game of Thrones S04E05: First of His Name
- Análise de Game of Thrones S04E04: Oathkeeper
- Análise de Game of Thrones S04E03: Breaker of Chains
- Análise de Game of Thrones S04E02: The lion and the rose
- O retorno de “Game of Thrones”: Two swords
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