Uma Mulher Fantástica, do diretor chileno Sebastián Lelio é a história de Marina (Daniela Vega), uma transexual que trabalha como garçonete e sonha em ser uma cantora lírica.
Ela tem sua vida revirada, depois de perder o namorado Orlando (Francisco Reyes) repentinamente após um mal-estar súbito, justamente no dia do seu aniversario.
Com um olhar mais profundo, ela nos conduz para o universo feminino e delicado da sua rotina, nos mostrando a triste realidade violenta e preconceituosa, depois que a família de Orlando tenta impedir que ela vá ao funeral.
A narrativa do filme consegue nos deixar próximos da personagem, sendo conduzidos para dentro do seu drama, torcendo por ela.
Tive a impressão que a direção deu total liberdade para atriz conduzir a personagem à sua maneira, já que Daniela Vega é transexual, emprestando muito da sua história pessoal e da sua luta por ser aceita como é.
O tema da violência física é pouco explorado no filme. Marina trabalha, estuda, namora, canta divinamente, se diverte. Ela é uma mulher corajosa, determinada e completa.
A frase que a define, que não esqueci, foi:
“Soldado que levanta, volta pra Guerra”
Uma Mulher Fantástica se passa em Santiago – Chile e somos levados para todos os cantos, num passeio pela cidade e, algumas cenas, nos presenteiam com a visão das Cordilheiras, sempre ao fundo.
Sendo o Chile o país onde tudo acontece, não ficou para trás menção aos tempos da Ditadura. Orlando é cremado no mesmo crematório onde o ditador Augusto Pinochet fora cremado, em dezembro de 2006.
“E o senhor, que empurra o corpo de Orlando para o forno foi, na vida real, o mesmo que empurrou o de Pinochet”
Sebastián Lelio usa formas, cores, luzes néons, algo entre kitsch e o universo transexual. Ainda há uma bela apresentação da protagonista com muita coreografia, o que faz dela uma Diva. E ela é!
Uma Mulher Fantástica é o que se vê.
Um filme para debater e entender. Sobre a coragem da escolha individual, de ser quem você quer ser diante de tanta intolerância, preconceito e do medo que o outro sente pelo diferente.
O filme levou o Urso de Prata de melhor roteiro no Festival de Berlim de 2017, e, nos Estados Unidos, Uma Mulher Fantástica é visto como possível indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
E há um burburinho, na crítica americana, sobre a possibilidade de Daniela ser indicada ao prêmio de melhor atriz. Eu já estou na torcida!
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