Jesus Cristo faz um retiro pelo deserto durante 40 dias, orando e jejuando. Nesse período ele tem de enfrentar a personificação do Diabo, deserto cartazque tenta por em dúvida o amor de Deus por ele e vice-versa. Assim é Últimos Dias no Deserto.

O roteiro trabalha um tema religioso em meio ao deserto, o que por si só já pode deixar o espectador esperando por um filme mais lento e introspectivo. Porém, esse filme extrapola, e bastante, o sentido dessas palavras. Com duração de menos de duas horas a história parece demorar mais de cinco para passar.

Essa é a história que justifica a existência da quarentena, o sacrifício feito pelo fiel para se aproximar mais de Deus e entender mais Seus projetos para ele. E é interessante a forma como é mostrado que nem mesmo para Jesus Cristo foi fácil se sacrificar, como ele questionou sua fé e os princípios de Deus diante das dificuldades. Esse conflito de Cristo com seu Pai é metaforicamente representado pela relação conturbada existente entre a família que ele encontra no deserto.

Para complicar um pouco mais a situação temos o uso da figura de um Jesus caucasiano, reforçando uma imagem criada há tempos, mas de certa forma errônea, já que historicamente nunca existiram pessoas com esse perfil na região de Jerusalém. O papel ficou por conta de Ewan McGregor, que conseguiu ter um desempenho bem abaixo da média. Ao tentar retratar o homem santo em conflito acabou parecendo apenas uma pessoa vazia de pensamentos e propósitos, até mesmo em alguns momentos parecendo dopado.

Toda essa batalha interna é acompanhada por um silêncio quase completo, e perturbador. Por um lado, valoriza a ambientação no deserto e o vazio existencial dos personagens; por outro, deixa a história – que já está arrastada – um pouco mais cansativa.

Falando em deserto, aqui está o ponto positivo do filme: uma fotografia de deixar qualquer um de queixo caído, principalmente pelo diretor ter optado em só usar luz natural.

Mesmo assim é um filme que só recomendo para aqueles mais ligados a religião, pois ficará mais fácil de entender a trama e também de tirar um proveito filosófico de tal. Para quem não tem uma religiosidade muito aflorada acredito que acabará sendo um filme bem cansativo.

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Fotógrafa, publicitária, traça de livros e apaixonada por cinema.

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