A premissa inicial do novo filme de Ben Lewin, Tudo que quero, de uma menina autista que foge para Los Angeles para inscrever seu roteiro em um concurso da Paramount pode parecer interessante, no entanto, perde seu potencial em um roteiro mal amarrado.
Tentar criar um paralelo entre a falta de tato social de Wendy (Dakota Fanning) e a do icônico personagem de Star Trek, Spock, também poderia ter sido uma boa sacada, mas isso é construído de maneira tímida e se perde na narrativa. Aliás, isso é algo recorrente no longa-metragem. Ao invés de escolher aprofundar um arco da história, como a relação conturbada de Wendy e sua irmã mais velha Audrey, o filme acaba não desenvolvendo e joga ao vento inúmeros conflitos fortes. Isso resulta em cenas sem muito propósito, como a sequência em que Wendy é roubada por um casal, a que é perseguida por dois policiais e até mesmo a participação inútil do filho de sua terapeuta Scottie.
O filme tem o mérito de conseguir fazer o público torcer pela protagonista, mas essa leve simpatia que se cria com a personagem não consegue comover. Isso também se deve à interpretação de Dakota Fanning que não convence na pele da protagonista Wendy. Não fosse o fato do roteiro constantemente reafirmar o autismo da garota, isso não seria evidente. Em especial nos minutos iniciais, Wendy aparenta ser apenas uma garota retraída e é pouco crível que seja autista. Aos poucos os sintomas do quadro da menina tornam-se mais evidentes, no entanto, é feito de forma bastante forçada e beira o clichê. Escalar Dakota Fannig para o papel foi um dos maiores erros da produção.
Enquanto sua irmã caçula, Elle Fanning, constrói uma promissora carreira e prova seu talento em filmes de um circuito mais alternativo – como The Neon Demon e O Estranho que Nós Amamos – Dakota continua estagnada em produções água com açúcar.
Tudo Que Quero possui boas intenções, mas perde a mão em sua execução. Em meio a excelentes produções que retratam a vida de pessoas com autismo, Tudo que quero certamente não merece lugar de destaque.
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