Os blockbusters do cinema brasileiro têm vivido, na sua grande maioria, de filmes de comédia. Aparentemente é o que mais chama público para lotar as salas de cinemas do país. Até os filmes favela versus polícia, com temas que trazem à tona a periferia brasileira (com mais cenas de tiro que um dia no Oriente Médio), desde que Cidade de Deus abriu essa porta, sumiram. Mas as comédias prevaleceram firmes e fortes.
Nomes como a galera do Porta dos Fundos, Paulo Gustavo e Leandro Hassum são facilmente vistos nos cartazes de “EM BREVE”, para desespero dos críticos mais casca grossa, que terão oportunidade de escrever que o filme é um primor (nunca entendo porque usam essa palavra, existem outros adjetivos. POMBA!).
Nesse mundo da comédia, de vez em quando aparece um filme que é ambientado no Nordeste brasileiro, o celeiro da zoeira BR.
Indo por esse caminho, tivemos filmes excelentes: O auto da compadecida; Lisbela e o Prisioneiro; Cine Holliúd (que ganhará uma continuação); Ó Pai Ó; Cinderela Baiana (Carla Perez is the new Suzana Viera). Até chegarmos em O Shaolin do Sertão, a estrela desse texto.
Edmilson Filho interpreta Aluísio Li, fã da cultura chinesa e aspirante a lutador de kung fu em meio a década de 90. O Vale Tudo estava na moda no Ceará e, pela falta de lutadores, Li se vê na obrigação de defender a honra da cidade contra os valentões do Sertão, enquanto se prepara para a luta da sua vida. (Leia com a voz de trailer, para dar mais ênfase)
O filme é dirigido por Halder Gomes e traz no elenco nomes como Marcos Veras, Falcão, Dedé Santana e Fafi Siqueira.
O Shaolin do Sertão é um primor de comédia (escrevi assim, na esperança de ser convidado para comentar o Oscar #SonhosempreVemPraquemSonhar #CiteiXuxa #SeReclamarCitoEliana).
Halder conduziu bem o elenco a interpretar da melhor forma possível as piadas do cearês, mesmo que você não saiba direito o que cada palavra quer dizer, como o trocadilho das palavras Si Fu (mestre em chinês) com o palavrão da nossa língua abreviada “Si Fud&%$”, o contexto bem adaptado no roteiro te faz rir.
Sem compromisso com a realidade, algo devidamente explicado pela linguagem que a narrativa seguiu, a ideia de que tudo é possível com um pouco de treino e prática faz você gargalhar quando o soco da realidade, atinge o personagem principal ” Oh Caba não é bem assim não, fiduma égua” (leia usando sotaque).
Com piadas já conhecidas e estereotipadas: o gay afeminado, a gordinha com alto teor de luxuria e as piadas de conotação sexual em quase todos os diálogos. O roteiro ainda não perde tempo de brincar com a maneira de como a política no Nordeste brasileiro é feita através do pão e circo (olhe meu fi pesquise no Google essa expressão vici (sotaque)).
Confesso que fui engolido pelo preconceito. Os nomes de Dedé Santana e Falcão me deram uma certa vontade de dizer “aff”, mas estava errado e eles desempenharam bem seus papéis.
Além disso, Camilla Uckers (youtuber) faz uma boa participação no filme, provando que, se colocados em papéis certos, os youtubers podem fazer cinema (#FicaDicaItsFairy coloquei em inglês para deixar subentendido) até senti falta do Winderson Nunes no elenco.
Aliás, todo o destaque fica para o personagem Piolho, um garoto que é o assessor e escudeiro de Li. As melhores piadas vieram dele.
O único ponto negativo é a insistência, que acaba sendo longo e repetitivo de algumas cenas e piadas em momentos do filme, o tornando cansativo.
Na cena da luta final, talvez valesse alguma melhor edição ou uma passagem acelerada de alguns rounds. Nada que estrague o filme e o bom humor vindo dele.
O Shaolin do Sertão é divertido e garantia de boas risadas.
O filme merece ter uma boa bilheteria, só pelo feito de ter derrotado Tom Hanks em números de sala no Ceará, algo inédito. Já é um sinal de que O Shaolin do Sertão terá um boa vida.
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