Phiona Mutesi é uma garota sem instrução nem grandes expectativas na vida que vive em Katwe, um bairro pobre de Kampala, capital de Uganda.  Certo dia, ao seguir seu irmão, ela descobre o grupo missionário que dá aula de xadrez e se junta a eles. Rainha de KatweAo perceber a capacidade estratégica da menina, o professor Katende a encoraja a levar a sério o esporte e correr atrás de seus sonhos.

Pode parecer apenas mais um daqueles filmes motivacionais ou extremamente emotivos, a cara da Disney, mas é mais do que isso.

Sim, a Disney foi a escolha perfeita para produzir essa história afinal eles entendem bem do gênero, porém não é só mais um drama com mensagem positiva. Estamos tratando de uma história real, recente e que traz esperança em tempos sombrios. Esse filme é a prova que a Jornada do Herói pode acontecer de verdade.

Ainda que muito inspirador, o roteiro também traz a crueza de uma realidade pouco conhecida do mundo. É muito importante que, num mundo tão globalizado, tenhamos cada vez mais filmes diversificados, não tão centrados no mundo ocidental.

Além de ser um filme passado em Uganda – raros são os filmes hollywoodianos passados no continente africano – ainda mostra o preconceito de classes na cidade (quando o senso comum mundial é que “só existe pobre na África”).

Inglês é uma das línguas oficiais de Uganda. Ainda assim, ao ver quase todo o elenco falar com certo sotaque fiquei curiosa imaginando como o filme poderia ter ficado mais interessante se colocassem mais dialetos locais nos diálogos.

Rainha de Katwe

Outro ponto importante é a caracterização, as vestimentas típicas são importantíssimas para valorizar a cultura retratada e esse trabalho foi muito bem feito, apesar da falta de continuidade em algumas cenas. (talvez SPOILER: a mudança de roupa usada pela mãe na cena do acidente do filho, e um vestido importante que é vendido e reaparece depois sendo usado)

Quanto ao elenco, tirando Lupita Nyong’o e David Oyelowo que já são conhecidos do grande público, a grande maioria é de iniciantes. Inclusive ambos fazem um ótimo trabalho interpretando figuras de referência para a jovem Phiona. Madina Nalwanga é de uma simplicidade e doçura que impede até o coração mais gelado de não se encantar por sua personagem e torcer por ela. Todo o elenco de base mirim também é encantador, principalmente Ethan Nazario Lubega, que traz alívio cômico na medida certa.

Por fim, a forma como a trama é conduzida o deixa um pouquinho arrastado, quase no final do filme a sensação era de que tinham passado bem mais do que as 2 horas de duração. Mesmo assim não vejo outra forma para que fosse contato muito menos alguma sequência que pudesse ser cortada. Cada detalhe é importantíssimo para construir a história de vida de Phiona e seu caminho a ser trilhado, cada minuto de filme te fará ficar com um nó na garganta.

E, se assim como eu, você conseguir conter a emoção, no final ficará impossível segurar as lágrimas. Se deixe levar por essa história real e emocionante, e pode chorar de soluçar.

Author

Fotógrafa, publicitária, traça de livros e apaixonada por cinema.

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