Quietude e silêncio em Soundtrack

Produzido por Julio Uchôa, Soundtrack custou R$ 8 Milhões. O filme não foi rodado no Ártico, e sim numa réplica perfeita das geladas estações de pesquisas cientificas, instalada no bairro de Jacarepaguá no Rio de Janeiro e usaram toneladas de neve sintética feita de celuloide.

A dupla de diretores 300ml, mais uma vez mandou muito bem. Depois do grande sucesso do curta-metragem “Tarantino’s Mind” (2016), que trouxe Selton Melo e Seu Jorge falando sobre a obra de Quentin Tarantino, 300ml junta novamente esses dois e mais o grande Ralph Ineson, protagonista do filme “A Bruxa”, para esse longa-metragem de debate entre ciência e arte.

Sinopse
Decidido a realizar uma exposição de arte, o fotógrafo Cris (Selton Mello) viaja até uma estação de pesquisa polar para se isolar e tirar selfies que capturem as sensações causadas por uma série de músicas pré-selecionadas. No local, ele conhece o botânico brasileiro Cao (Seu Jorge), o especialista britânico em aquecimento global Mark (Ralph Ineson), o biólogo chinês Huang (Thomas Chaanhing) e o pesquisador dinamarquês Rafnar (Lukas Loughran). Os cinco precisam conviver juntos e descobrem diferentes perspectivas sobre a vida e arte.

Sim, é um filme nacional com cara de produção internacional, mas pode não atrair todos os gostos. É um filme silencioso, mas com os tempos de ação perfeitos, roteiro bem construído e uma direção impecável. Mas a atuação de Selton Melo – na minha opinião a melhor até hoje – faz desse longa, realmente, um cinema de arte. Parabéns, Selton!

E também um dos pontos muito interessantes no filme, são os diálogos dos cientistas – que se sentem importantíssimos – menosprezando o profissional Cris e a sua forma de busca pela arte. Mas 300ml é sutil na abordagem, você não vê uma critica dura, o tal “tapão” na cara, a abordagem é feita de modo que você pense sobre o assunto e silencie também com os seus pensamentos.

Eu sempre falo sobre a ética no cinema, gosto de observar o caminho que cada diretor escolhe percorrer. 300ml mostrou ética com alguns assuntos no longa, gosto de pontuar esses momentos, pois sempre fico feliz e esperançosa quando vejo diretores assim.

Ética no cinema e na vida, não é ser bom, é ter respeito.