Um dos sucessos mais surpreendentes da última temporada, Perfeita é a Mãe! (Bad Moms, no original) é mais uma daquelas comédias proibidas para menores que acabam estourando nas bilheterias, como Se Beber, Não Case!, Ted, Família do Bagulho, Anjos da Noite e tantas outras.
Orçado em apenas 20 milhões de dólares, o filme faturou mais de 110 milhões em solo norte-americano e, imediatamente, garantiu uma sequência. Pouco mais de um ano depois, Perfeita é a Mãe! 2 chega aos cinemas apresentando os típicos sintomas de uma produção conduzida às pressas, resultando num longa-metragem que opta pelos caminhos mais fáceis (e rápidos) a fim de possibilitar um lançamento em tempo recorde.
Ambientando a história no cômodo período natalino, a dupla de diretores/roteiristas Jon Lucas e Scott Moore (do também natalino Surpresas do Amor) encontram a oportunidade perfeita para explorar as mais batidas convenções enquanto sequer se dão ao trabalho de mascarar a torpe estratégia de basicamente repetir a estratégia do filme anterior, com direito a uma abertura praticamente idêntica e uma sequência dentro de um shopping que empalidece melancolicamente se comparada às divertidas cenas do supermercado de seu antecessor.
Claro que não haveria problema em repetir os acertos caso houvesse, de fato, algo além disso, o que, infelizmente, não é o caso. Com isso, o humor anárquico e imprevisível que fez de “Perfeita é a Mãe!” tão popular, agora perde fator surpresa, como uma piada ouvida pela segunda vez, o que é uma pena.
Todavia, o desastre acaba não se concretizando devido ao bom elenco e a algumas gags relativamente eficazes, como a avó que insiste em dar presentes caros a todo momento e a uma inusitada ponta do músico Kenny G. Aliás, é decepcionante constatar também a mudança na dinâmica entre as três protagonistas que, apesar da Kiki de Kristen Bell soar absurda demais em sua inocência (ou estupidez), funcionava exatamente por isso, mas ao menos Kathryn Hahn (que brilhou no primeiro longa) ganha ainda mais espaço, comprovando seu ótimo timing cômico e recebendo a chance de desenvolver sua Carla.
Curiosamente, Perfeita é a Mãe! 2 se sai bem melhor ao desenvolver suas personagens do que ao tentar provocar risos. Colocando suas três protagonistas para lidarem com suas próprias mães, o filme acaba permitindo que o espectador as conheça um pouco mais, divertindo ocasionalmente graças às peculiaridades de cada relacionamento.
Descobrimos que a solidão da supracitada Carla, por exemplo, está intimamente ligada à sua devoção não só ao seu filho, mas também à sua mãe (Susan Sarandon, sempre notável), ocasionando no arco mais bem-sucedido do longa-metragem.
E se o roteiro inicialmente tira sarro do lado possessivo e “grudento” da mãe de Kiki (Cheryl Hines, apenas correta), acaba gradualmente comovendo ao revelar seus motivos, numa subtrama que funciona muito melhor do que a relação da própria protagonista, Amy (Mila Kunis, carismática como sempre), com sua mãe (Christine Baranski, limitando-se a repetir seu papel na série The Big Bang Theory), que desaponta ao investir pesado no melodrama barato e apoiado num amontoado de clichês, que vão desde a rivalidade até à convencional “infância dura”.
Em suma, Perfeita é a Mãe! 2 limita-se a repetir os acertos do filme original sem se dar conta de que a repetição por si só já enfraquece o resultado final, culminando numa comédia com poucas gargalhadas e muitos clichês, onde são as próprias personagens e seus dramas particulares que acabam impedindo um desastre maior.
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