Após onze anos da estreia de “Ó, Paí, Ó”, Paraíso Perdido é grande retorno de Monique Gardenberg à direção.
Flertando com o brega, a história gira em torno de uma desajustada e conflituosa família. Com enredo novelesco, o filme tem direito a assassinato, mãe na prisão, triângulo amoroso, câncer, gravidez indesejada, desaparecimento da pessoa amada e tudo o que uma boa novela mexicana proporciona.
Monique utiliza-se de recursos clichês de maneira engenhosa, sem deixar, no entanto, cair no convencional. Ao centro de toda essa confusão, um clube noturno pertencente ao patriarca da família, José (Erasmo Carlos), o qual avô, filho, filha, neto e neta se apresentam todas as noites.
Eis aí o ponto forte do longa metragem: sua trilha sonora. Algo que não é de se admirar, uma vez que Monique Gardenberg antes de se firmar no meio cinematográfico, já tinha nome de peso como produtora musical. As principais músicas da jovem guarda são interpretadas de maneira tocante, dando especial destaque para o ator Júlio Andrade e Jaloo. Esse último, aliás, apesar de ainda lhe faltar certa maturidade cênica, possui enorme magnitude. Sua figura hipnotizante encanta logo nos minutos iniciais.
Vale destacar também a participação de Seu Jorge e a atuação de Marjorie Estiano, que apesar de breve aparecimento como amante de Eva (Hermila Guedes), consegue provar seu já conhecido talento. Além disso, Malu Galli emociona ao dar vida a Nádia, uma ex cantora, apaixonada por música brega e surda, tendo perdido a audição após ser espancada pelo pai de seu filho.
Outro ponto forte deve-se à Direção de Arte e Fotografia. Fica evidente uma grande sintonia entre os departamentos, tendo como resultado uma estética lúdica de encher os olhos.
No entanto, apesar de boa intenção, o filme perde pontos em sua execução. Com roteiro falho, se perde na reta final, resolvendo situações de maneira preguiçosa e pouco críveis. Mesmo assim, o longa, com sua espontaneidade e frescor, consegue prender a atenção do espectador. Tratando de assuntos importantes como a homossexualidade, homofobia e violência doméstica, o faz de maneira sútil, sem tornar-se forçado. E mesmo não se desenvolvendo em seu potencial máximo, Monique Gardenberg tem em suas mãos um belíssimo e tocante filme.
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