São vários os fatores que podem determinar qual filme pode ser reconhecido como um clássico. Mas, talvez, o mais confiável indicativo seja o tempo. Ora, o Cinema nos presenteia com ótimas obras o tempo todo. Há muito tempo.
No entanto, somente o tempo dirá se estamos (ou estávamos) presenciando o nascimento de um clássico. Percebe como a palavra “tempo” aparece com freqüência?
A Origem, Mad Max: Estrada da Fúria, ou até mesmo o recente A Chegada, são ótimos filmes, é verdade, mas seria precipitado atribuirmos um selo tão imponente a algo que ainda não submeteu-se ao implacável teste do tempo. Dito isso, não seria leviano dizer que Os Goonies ou E.T. são “clássicos”, pois estes envelheceram maravilhosamente bem.
Não seria estranho, portanto, que um filme contemporâneo “pegasse emprestadas” algumas características destas produções.
Mas o tempo passou, as tais características já foram tão utilizadas que se transformaram em clichês. E é preciso ter certa desenvoltura para conseguir trabalhar com clichês de forma eficiente, o que, infelizmente, é justamente o ponto fraco de Monster Trucks.
Escrito por Derek Connoly (do superestimado Sem Segurança Nenhuma), o roteiro acompanha Tripp (Lucas Till, de X-Men), um típico estudante que faz bicos à noite trabalhando num ferro-velho. Um dia, porém, Tripp acaba se deparando com uma estranha, mas amistosa, criatura que se vê atraída por óleo e gosta de ficar dentro do capô de uma picape que, “por coincidência”, pertence a ele.
Com o nome da Nickelodeon entre os créditos, Monster Trucks passa o tempo todo a sensação de ter sido criado diretamente para a TV, desde a estrutura narrativa medíocre, passando pela trilha sonora genérica, até as participações de atores como Thomas Lennon (da série Odd Couple) e Rob Lowe (de The West Wing). Até mesmo Lucas Till se encaixa nesse perfil, já que não faz muito tempo desde que estreou nas telinhas como o novo MacGyver.
E por falar em Till, seu esforço em cena é notável, conferindo carisma e energia a um papel que é pouco mais do que um clichê ambulante.
Outro que tira leite de pedra é o ótimo Barry Pepper (O Resgate do Soldado Ryan, Maze Runner: Prova de Fogo), que empresta credibilidade ao policial Rick. E se Amy Ryan (Um Espião e Meio) e Rob Lowe são completamente desperdiçados, ao menos podemos nos divertir um pouco com o geralmente divertido Thomas Lennon.
Já os efeitos visuais de Monster Trucks talvez impressionassem mais na TV, pois no Cinema surgem apenas corretos, exibindo um lampejo de inspiração somente na seqüência em que três picapes aparecem saltando de um penhasco (e que também remete a E.T.). Nem mesmo Creech, a criatura, enche os olhos, limitando-se apenas à sua real função, que é despertar simpatia no público.
Monster Trucks também tropeça em alguns buracos ao construir sua narrativa, como ao apresentar uma justificativa frágil para o retorno de determinado personagem, mesmo após este já encontrar-se a salvo, ou no instante risível onde um funcionário é avisado pelo computador de que uma parede foi atingida (a tal parede deve possuir um sistema semelhante à da Estrela da Morte, pelo visto).
Acertando pontualmente ao investir num humor mais infantil (a cena em que um policial aparece assistindo a Bob Esponja), Monster Trucks é mais uma aventura açucarada feita sob medida para agradar ao público mais jovem.
Misturando E.T., O Milagre Veio do Espaço e o desenho MegasXLR, o filme talvez se saia melhor na TV, quando for transmitido numa Sessão da Tarde da vida…
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