Os Homens de Preto estão de volta ou melhor, os Homens e Mulheres de Preto estão de volta na quarta incursão da franquia: MIB: Homens de Preto Internacional.
E como se revive uma franquia de agentes de imigração alienígena que teve 3 filmes entre 1997 e 2012 em salas dominadas por super-heróis da Marvel? Você coloca os super-heróis da Marvel em sua franquia! Ou melhor dizendo, você chama Thor e Valkyria para tentar reprisar a boa química que tiveram em Thor:Ragnarok.
Assim, Chris Hemsworth é H, um super agente britânico que trabalha na agência de Londres dos MIB e Tessa Thompson é Molly, uma nova-iorquina nerd desesperada para saber quem foram os misteriosos Homens de Preto que apagaram a memória de seus pais quando era pequena e teve seu primeiro encontro com um alien.
Graças ao personagem de Molly, temos o único momento do filme onde se tem alguma novidade e interesse genuíno além da velha fórmula invasão-alienígena-para-destruir-o-mundo-usando-um-portal-no-céu. Fascinada pelo universo e intrigada pelo seu contato imediato de quarto grau, Molly cresce e tenta descobrir quem são os Homens de Preto, o que envolve cenas divertidas com o FBI. Sem entrar em mais detalhes, se o filme tivesse usado 30 minutos (ao invés de apenas 10 min) mostrando a obsessão de Molly e sua investigação atrás dos MIB, o personagem e o filme teria crescido mais no coração dos espectadores.
E apesar de seu discurso sobre querer descobrir a verdade o universo ser repetido algumas vezes, quando ela finalmente entra em contato com esse mundo, não há qualquer cena mostrando ela surpresa, maravilhada ou estudando culturas ou tecnologias extraterrestres, apenas um treinamento onde apenas se vê um desfile de moda e de armas. A busca da verdade de Molly, nas mãos dos roteiristas Matt Holloway e Art Marcum, é tão rasa e superficial quanto as Fake News que seu tio lhe manda pelo WhatsApp.
Como nos filmes anteriores, o filme é uma comédia de ação sem compromisso para o público infanto-juvenil e portanto não existe perigo real (e nem a sensação dele), os personagens fazem no máximo piadas bem-humoradas (a mais engraçada só existe por causa da Marvel e já está na trailer) e quando os vilões parecem assustadores demais eles logo são confrontados com algo fofo ou engraçadinho para as crianças não ficarem assustadas na plateia. Esses produtores tem multa consideração pelo seu público.
Apesar de um dos pontos positivos ser o design da raça extraterrestre dos vilões gêmeos, o conceito não funciona, pois sua aparência os faz parecer seres muito mais poderosos e destruidores do que realmente são e fica a sensação de que o diretor F. Gary Gray (Velozes e Furiosos 8) poderia ter feito algo muito mais interessante com eles do que com os clichês visuais de sempre.
Já sobre o humor típico da série, é claro que funcionava muito melhor no primeiro filme, onde se tinha muito comentário social e político que fazia analogia com as políticas de imigração dos EUA. Mas hoje essas piadas estão desgastadas na série e em um âmbito internacional fazem menos sentido ainda. Aliás, o filme revela que existem filiais internacionais, mas aparentemente é só em países de língua inglesa e não há nenhum Homem ou Mulher de Preto de outro país que não seja EUA ou Inglaterra. A exceção de que existem aliens em outros países faz apenas parte da estatégia de marketing do filme de colocar personalidades conhecidas de seus países em pontas no filme. Não se preocupe, você não tem como perder essa piada com uma participação nacional no filme.
Outro ponto chato é que o filme não respeita as própria regras e uma delas é a questão do segredo que o MIB impõe a humanidade sobre a existência de extraterrestres, onde existe uma variedade absurda de tecnologia que não é disponibilizada para o resto da humanidade e apenas os MIB tem acesso. É quase um estado paralelo vivendo uma utopia tecnológica no subsolo enquanto que na superfície o que sobra para o cidadão comum é ignorar a existência de aliens na sociedade e ocasionalmente ser morto por alguns deles. No entanto, apesar de utilizarem o neuralizador na galera para mantê-los sem memória, os agentes não se importam de usar tecnologia alienígena diante de multidões durante perseguições. Acho que como ela acontece no terceiro mundo, eles devem achar que ninguém possui celulares para filmá-los.
Homens de Preto 3 teve viagem no tempo para sair uma pouco da mesmice dos dois primeiros filmes. Esse MIB: Homens de Preto Internacional perdeu sua chance quando não explorou a história de Molly e optou por repetir mais do mesmo achando que bastaria colocar um pouco de Marvel na mistura. Se a franquia manter a regularidade, deveremos ter um novo MIB em 2024. Minha sugestão é que movam a ação para outros planetas e com mais atores da Marvel, como Chris Pratt ou Zoe Saldana. E o títulos seria MIB: Homens de Preto da Galáxia. De nada, Sony.
Comments are closed.