Há muito tempo que venho dizendo que a estratégia de divulgação de Batman vs Superman é, no mínimo, obscuramente controversa. Ora, vários trailers foram lançados e, se não entregaram TODA a trama, certamente conseguiram estragar boas surpresas. Batman vs Superman cartazO que não deixa de ser curioso, já que não faz muito tempo desde que J.J. Abrams e a Disney provaram valer a pena (leia-se bilhões de dólares em bilheteria) preservar a experiência do espectador, não revelando muito na divulgação.

Escrito por David S. Goyer (veterano em filmes de super-heróis) e pelo vencedor do Oscar Chris Terrio (Argo) o roteiro, como muitos já devem saber, nos apresenta a um Superman contestado, que é intimado pelo Governo e pela Sociedade a esclarecer os eventos ocorridos no filme anterior (o bom O Homem de Aço). Paralelo a isso está Bruce Wayne (agora interpretado por Ben Affleck) que vê o alienígena não como um herói, mas sim como uma ameaça a toda a raça humana. E entre os dois está o maquiavélico Lex Luthor (Jesse Eisenberg, em atuação espalhafatosa) que planeja colocar um contra o outro por motivos não muito claros.

Pronto, o circo está formado. E seria ótimo se fosse só isso, mas Snyder e os executivos da Warner, crescendo os olhos para o lucro da Marvel, resolvem criar um problema para eles mesmos: continuar uma franquia e construir outras. Com isso, a produção acaba com inchadas 2 horas e meia e sem desenvolver tudo que propõe (como as motivações de Luthor), com direito a apressadas e desajeitadas conclusões (como a criação do Apocalypse e o próprio conflito do título).

E exatamente como aconteceu em O Homem de Aço, Lois Lane, embora interpretada com a competência habitual de Amy Adams, não se faz necessária, surgindo completamente perdida, parecendo estar em tela somente para ser salva pelo Superman, que mais uma vez é vivido com carisma e intensidade pelo britânico Henry Cavill.

Com relação aos novos integrantes, depois de toda a onda de reprovação em volta de sua escolha para o papel de Batman/Bruce Wayne, Ben Affleck não faz feio, pelo contrário, sai bem como o playboy veterano e ainda convence como o cavaleiro das trevas, o que, para os mais pessimistas, já é mais do que suficiente. O Lex Luthor de Jesse Eisenberg é exatamente o que parece, uma versão mais vilanesca, maligna e espalhafatosa de Mark Zuckerberg (papel mais marcante de seu intérprete).

Já Jeremy Irons parece bem confortável como Alfred, que aqui surge numa versão descontraída e mais ativa, sendo pouco mais do que um simples mordomo. Gal Gadot, como a Mulher Maravilha, também consegue calar seus críticos e, embora não tenha muito tempo de tela, deve arrancar elogios por sua participação.

Batman vs Superman

Tecnicamente competente, o que já era de se esperar, o filme também se dá ao luxo de abusar do CGI, que funciona bem na maior parte do tempo. A câmera lenta (marca registrada do diretor Zack Snyder), que havia sido deixada de lado em O Homem de Aço, aqui é usada sem muita parcimônia, mas servindo bem ao espetáculo. E por falar em espetáculo, é preciso admitir que Snyder não é um cineasta chegado a discussões profundas em seus filmes, por isso, é compreensível que opte pela grandiloquência em prol da profundidade e/ou sutileza. E faz muito bem, diga-se de passagem, pois se tem algo em que o longa metragem acerta em cheio é em suas sequências de ação.

Tratando-se de um filme chamado Batman vs Superman, seria estranho não comentar sobre o tão esperado embate. E para evitar spoilers, vale dizer que os trailers entregam muito, é verdade, mas ainda há alguns detalhes interessantes guardados pela produção. Só não vá esperando que a pancadaria dure uma eternidade, pois, na realidade, ela é apenas a culminância de um longo confronto que se desenvolve durante o filme, que é mais do que um simples embate físico.

Dito isso, Batman vs Superman é um filme que se sai melhor como espetáculo, entregando com competência aquilo que se espera. E se não é profundo e relevante como a trilogia do Batman de Christopher Nolan, ao menos permitirá a criação de um universo que ainda nos dará muitas alegrias.

Se os trailers deixarem, é claro.

Observação: Diferente do que acontece nos filmes da Marvel, não há cena adicional após os créditos finais.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...

2 Comments

  1. Pingback: Amigos do AdoroCinema aprovam Batman vs Superman por unanimidade, apesar das falhas no roteiro | Caririceara.com – A informação que forma opinião!

  2. Pablo Galdino

    Fiquei confuso comigo mesmo após sair do cinema no dia de estréia desse filme. Fiz várias perguntas para mim mesmo: Lex Luthor jóvem, espalhafatoso e com cabelo? criação repentina do Apocalipse? Quer dizer que a luta só foi isso? Batman perde toda sua determinação por causa de uma coincidência entre as mães dos herois? Num minuto a mãe de Kal está sob vigilância do Lex e no outro o Batman a resgata facilmente? Por que eu saí do cinema satisfeito?????? Sei que isso não é racional, apenas emocional. Pois é. O filme acertou e errou. Mas acho,que foi um bom prólogo para os próximos filmes solo dos heróis da DC. E que venha logo A Liga da Justiça para acabar com o Darkseid!