Um Instante de Amor. Marion Cotillard.
SINOPSE
Nos anos 50 Gabrielle (Marion Cotillard) vive uma vida de mulher, daquela época, com toda a carga social a ela imposta. De temperamento impulsivo e indomável, é tida por muitos como louca. Buscando resolver sua situação, os pais fazem um casamento arranjado, sem amor. Vítima de Pedras nos Rins, acaba indo se tratar nos Alpes e tem seu “Um Instante de Amor” ao se apaixonar por um militar doente e que está à beira da morte (Louis Garrel).
DESTAQUES
O filme é da diretora francesa Nicole Garcia (“O Adversário”, de 2002, e “O Filho Preferido”, de 1994). Concorreu à Palma de Ouro por esse filme e mais outras duas vezes. Como atriz ela ganhou o prêmio César, em 1980, pelo filme “Le Cavaleur” e atuou em mais de 70 filmes.
Um Instante de Amor é uma adaptação do livro Mal di Pietre (Mal da Pedra), título original do filme, de Milena Agus. No livro tudo acontece na Itália e nesse filme, na França.
No elenco temos a premiada com o Oscar de Melhor Atriz em “Piaf – Um Hino ao Amor”, de 2007, Marion Cotillard, que tem uma atuação brilhante. Ele carrega uma carreira de bons filmes (“A Origem”, de 2010, “Um Bom Ano”, de 2006, e “Meia Noite em Paris”, de 2011) e muitos outros.
Para o papel de marido da Gabrielle temos o espanhol Alex Brendemühl, de “Truman”, de 2005. Para viver o amante, contamos com a atuação do galã francês Louis Garrel, de ”Os Sonhadores”, de 2003, que também já ganhou o César como ator revelação no filme “Amantes Constantes”, de 2005.
ENREDO
A história se passa nos anos 50. A inquieta e incompreendida Gabrielle tenta se libertar das amarras sociais sem comedimento e de forma contestadora para os costumes da época para satisfazer seus instintos. Se apaixona pelo professor, dá vexame na festa da família e é até tida por alguns como louca.
Sua mãe adverte: “Não escondo que ela é doente, mas não é louca”. Podemos até encarar seus problemas nos rins como uma somatização pela repressão recebida pela família e sociedade.
Pelos planos cheios de erotismo, a personagem tem um incontrolável desejo pelo sexo, mas não sabe bem administrar isso. Pelo entendimento dos pais, ela precisava casar para aquietar seus ímpetos.
A mãe oferece a filha ao pedreiro da família, um homem trabalhador e frequentador de prostíbulos, José (Alex Brendemühl), de origem espanhola. Gabrielle aceita o casamento, mas afirma para o pretendente que jamais o amaria.
O relacionamento dela com o marido chega a ser surreal e sofrível. Estão juntos apenas por outros interesses que não o amor. Mas, existe um certo companheirismo que vai tendo seus altos e baixos.
É diagnosticada com Pedras nos Rins (Cálculo Renal) e é levada por 6 semanas para os Alpes para ser submetida a um tratamento médico. Lá, na Suíça, conhece o militar, tenente André Sauvage (Louis Garrel), ex-combatente na Indochina. É amor à primeira vista. Ele é um homem sensível e capaz de cativá-la dando a atenção e o carinho de que ela necessitava. Gabrielle sabe que seu amante está em estado terminal e se entrega por inteira.
Na sequência fica claro que a personagem vivida pela Marion confunde o real do imaginário. Sua paixão, sua realidade, seus desejos, sua rebeldia, sua fantasia, tudo entre num turbilhão de acontecimentos e teremos reviravoltas surpreendentes nessa trama de amor.
CRÍTICA
Como afirmei, Marion brilha tanto que ofusca o filme. O filme é dela, focado nela, sem deixar espaço para mais ninguém. Isso seria trágico e negativo se a Marion não ocupasse bem toda esse espaço. Sabidamente ela é muito competente nos dramas e se saiu muito bem. Deixou para o restante do elenco a tarefa de completar os quadros em que aparece.
Esse drama é pesado, mas nem tanto. Aborda a personalidade conturbada e tumultuada da protagonista que passa algumas ideias não muito simpáticas. Por vezes até não gostamos muito das suas atitudes. Ela, além de impulsiva e solitária, mostra um lado individualista e pouco carinhoso com sua família, pais, marido e filho.
Tem sua sexualidade aflorada e rebelde para os padrões da época. Uma feminista nos anos 50? Dá a ideia de que se preocupa só em satisfazer seus desejos e está sempre com um olhar distante e à procura de algo que talvez nem ela mesma soubesse.
O filme não se declara feminista, muito menos recrimina o machismo. Se deixa levar pelos costumes da época e nos leva a fazer as críticas que julgamos pertinentes.
O filme tem uma boa fotografia com enquadramentos dignos de papel de parede. As cenas mais picantes contam com uma comedida nudez que se mostra até artística. A música, de forma elegante, permeia a narrativa sem ter muita personalidade.
O roteiro é consistente, mas parece que existe uma liberdade da diretora para levar com espontaneidade a narrativa que ela quer apresentar.
CONCLUSÃO
Não se trata de uma obra prima do cinema francês, mas tem muito da sua essência.
O enredo desse drama tem um viés complexo e cabe múltiplas interpretações. O filme vale pela interpretação comovente e intensa da bela e competente atriz Marion Cotillard. Confira.
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