Quando Mariana chegou em casa e ouviu sons estranhos vindos de seu quarto, não imaginava que ao abrir aquela porta sua vida mudaria para sempre. Edgar, seu marido, estava nu sobre o corpo de uma linda jovem.
Na verdade, a jovem era a irmã mais nova de Mariana, Júlia, a filha legítima de seus pais. Depois de adotar Mariana, sua mãe continuou o tratamento de fertilidade e 10 anos depois conseguiu engravidar. Deu a luz a Júlia, que passou a ser a queridinha da família.
Em uma fração de segundos, Edgar estava de pé e tentava explicar a situação, o coração de Júlia não batia mais. As facadas no peito da jovem fizeram com que todo o quarto ficasse marcado de sangue. Seria impossível limpar toda aquela bagunça.
– Por que você matou minha irmã? Por que você transou com a minha irmã?
– Calma querida, eu posso explicar tudo. Precisamos ficar juntos nessa hora e resolver essa situação. Temos um filho pequeno e Arthur precisa de nós. Pense nele.
– Você pensou antes de comer minha irmã? Seu desgraçado!
Mariana pegou a faca que estava no chão e ameaçou seu marido. Ela apontava a faca para Edgar, que de mãos erguidas pedia calma para sua esposa. Nesse instante o interfone tocou. Edgar correu para atender, era o porteiro questionando os gritos no apartamento. Mariana abraçou o corpo da irmã que jazia na cama e começou a chorar. Em menos de trinta minutos a polícia e o resgate já estavam no local. Mariana, em estado de choque, saía de casa acompanhada pelos enfermeiros do resgate enquanto Edgar, envergonhado, saía com a polícia.
***
Seis meses se passaram e Mariana estava na fila de visita de detentos da penitenciária da cidade. Era uma visita íntima e Edgar estava sozinho numa cela. Sua esposa estava linda com um vestido amarelo esvoaçante. Assim que se beijaram o clima esquentou. Edgar levantou o vestido de sua esposa e a pegou no colo. Em segundos ambos estavam sem roupa e deitados na pequena cama da cela. Não havia muita privacidade. Na porta havia uma pequena janela com grades e alguns detentos observavam o casal. Mariana percebeu e começou a gemer mais alto.
– Não se empolgue muito querida ou logo teremos plateia.
– Já temos, mas não pare, quero que coma igual comia minha irmã!
Aquela frase fez Edgar broxar. Ele deitou ao lado de sua esposa e perguntou por que ela falara aquilo.
– Antes de você matar minha irmã, eu vi pela porta que estava entreaberta o como você a pegava gostoso. Só queria que fizesse igual comigo. Mas não precisa me matar no final – essa ultima frase veio com um sorriso.
– Querida, você sabe que não foi isso que aconteceu. Eu amo você, assim que eu pagar pelo que você fez, sairei daqui e espero que me perdoe.
– O que eu fiz? E o que você fez? Há quanto tempo transava com a minha irmã?
– Você veio aqui para brigar? Pode ir embora. O que está querendo fazer comigo?
– Só quero que você pague por ter matado minha irmã.
Ao sair da penitenciária, Mariana foi até o consultório da sua psiquiatra. Há seis meses fazia terapia. Na sala da Dra. Inês, ela contou tudo o que aconteceu naquele dia enquanto passava os dedos pela cicatriz no seu pulso.
– Como se sente nesses últimos meses? – perguntou Inês.
– Eu sinto falta da minha irmã e do meu marido também, não queria que nada disso tivesse acontecido.
– É uma situação complicada, aos poucos você vai superar tudo isso. Você tem tomado seus remédios?
– Não da forma como deveria.
– Você sabe que isso pode lhe trazer problemas. Se não respeitar o tratamento, terei que encaminhá-la novamente para a clínica.
– Por favor, não! Aquele lugar é muito ruim, eles me tratam mal e acham que sou maluca. Vivem falando que eu tenho que aceitar o fato do que aconteceu. Eu não matei minha irmã! – gritou Mariana.
Depois de muito conversarem, Dra. Inês convenceu Mariana a voltar para a clínica. Naquela noite, porém, ela conseguiu roubar alguns remédios e tentou um novo suicídio, mas foi salva pela equipe médica.
***
Um ano se passou e, depois de duas tentativas de suicídio, Mariana ficou internada definitivamente em um hospital psiquiátrico. O tratamento seguia com sucesso e ela decidiu que não queria mais continuar casada com Edgar. Entretanto, devido à situação dela, os advogados não conseguiram autorizar o processo de divórcio.
Era uma manhã ensolarada, dia de visita. Ela caminhava pelo jardim quando avistou Edgar. Ele foi na sua direção, sorriu e a abraçou. Disse que tinha conseguido uma autorização para levá-la a um passeio. O casal almoçou junto, passeou pela cidade de mãos dadas, conversaram muito e algumas horas antes de voltar para a clínica Mariana pediu para seu marido leva-la no motel que fizeram amor pela primeira vez. O final da tarde foi ótimo para o casal e a volta para a clínica foi mais aceitável depois do maravilhoso dia com o marido. Ao chegar à clínica Mariana disse:
– Só me responde uma pergunta, querido. Quando você saiu da cadeia?
– Meu amor, não se preocupe com isso agora. Amanhã eu volto para lhe ver e conversamos melhor sobre isso.
Mariana dormiu tranquilamente naquela noite.
***
Semanas depois Mariana pediu para falar com sua médica, estava com dúvidas e precisava acabar com a angústia que a consumia.
– Olá Mariana, o que você precisava tanto falar comigo? – perguntou Dra. Inês.
– Doutora, como meu marido saiu da cadeia para me visitar? E por que ele não apareceu mais depois daquele dia? Quanto tempo ainda vou ficar aqui? Você não acha que eu já estou melhor? Quando eu poderei ver meu fil…
– Calma minha querida! Vamos devagar. Estamos no momento de você confrontar seu verdadeiro trauma. Você precisa saber e lembrar o que aconteceu naquela noite.
– Eu só me lembro de ver meu marido matando minha irmã depois de fazer sexo com ela.
– Essa é a questão. A verdade não é essa. Naquela noite você surpreendeu sua irmã e seu marido transando, foi até a cozinha, pegou uma faca e voltou para o quarto. Assim que abriu a porta, seu marido levantou e tentou se explicar, mas você o ignorou e correu para cama golpeando sua irmã dezenas de vezes com a faca. Depois do que aconteceu, você entrou em choque e começou a negar o fato. Seu marido nunca foi preso no seu lugar, os advogados alegaram insanidade e desde então você está aqui sob minha custódia.
– Impossível. Eu o visitei na cadeia. Ele veio aqui me visitar há alguns dias. Eu não matei minha irmã!
A médica a sedou. Mariana dormiu a noite toda e na manhã seguinte pediu para falar novamente com a médica. Durante horas Mariana abriu seu coração e confessou toda a raiva que sentia pela irmã. Ela estava confusa e queria melhorar.
O tratamento prosseguiu por mais seis meses. Não houve mais tentativa de suicídio. Mariana tomava seu remédio regularmente e recebeu alta.
***
Mariana entrou em casa e na sala todos a aguardavam. Arthur, que já andava, levou até ela um arranjo de flores. Ainda um pouco confusa, ela pegou as flores e viu Edgar se aproximando. Deixou o arranjo cair e desmaiou. Deitada na cama, Mariana abriu os olhos e perguntou para seu marido o que estava acontecendo.
– Querida, Dra. Inês disse que poderia acontecer um choque assim que chegasse em casa. Aos poucos você vai se recuperar. Eu sei que fui o culpado disso tudo, nunca vou me perdoar.
– Meu amor, eu já lhe perdoei. Tudo não passou de um grande mal-entendido, infelizmente perdi minha irmã, mas o importante é que nossa família está unida novamente. Onde está o Arthur?
– Ele foi para a casa da minha mãe. Depois que você passou mal, todos foram embora.
– Que bom, vou tomar um banho – respondeu Mariana enquanto caminhava para o banheiro.
Minutos depois, Mariana abriu parcialmente a porta e pediu para Edgar fechar os olhos. Ela entrou de roupão e caminhou até a cama, colocou uma faca embaixo do colchão. Então montou em Edgar e pediu que ele abrisse os olhos. Ela abriu lentamente o roupão e disse:
– Quero que me coma como você comia minha irmã naquela noite.
– O… o que? Vo… você está bem querida?
– Claro que sim, você acha que eu gostava da minha irmã? Aquela vadiazinha que chegou para acabar com todas as minhas mordomias? Que ainda teve a capacidade de tentar roubar meu marido? Nunca!
O clima não ficou propício para o sexo, mas Mariana conseguiu excitar seu marido e os dois começaram a transar loucamente. Os corpos suados se entrelaçavam pela cama quando Mariana pediu que Edgar a pegasse com força por trás. Ela sentia seu marido a preencher e estava quase chegando ao orgasmo quando buscou a faca e a colocou embaixo do travesseiro. Pediu para ele deitar e, montada sobre seu marido, se inclinou e o beijou no mesmo instante que pegava a faca. Assim que levantou desferiu o primeiro golpe. Edgar arregalou os olhos e quase não conseguiu gritar. Mais dois golpes atingiram o peito dele, seu corpo relaxou e ela continuou a golpear. O sangue já banhava todo o corpo nu de Mariana. Tudo estava marcado com o sangue de Edgar. A cena era muito parecida com o que havia acontecido há mais de dois anos naquele mesmo quarto. Mariana saiu da cama e foi tomar um banho.
***
O telefone tocou e Edgar correu para atender. Era oito horas da manhã de domingo. Com certeza não seria uma boa notícia.
– Alô Sr. Edgar, aqui é do hospital psiquiátrico. Precisamos falar com a Sra. Júlia sobre a irmã dela…
Após alguns minutos de conversa ao telefone, Edgar desligou e foi para o quarto.
– Júlia, acorde querida! Tenho uma má notícia.
– Se for sobre a maluca da minha irmã, me deixa dormir.
– É sobre ela sim, mas agora é sério. Ela se matou.
– Ah! Então ela conseguiu dessa vez? Agora ela vai pensar que é sua esposa no inferno. Minha mãe que resolva isso. Volta para cama, quero que me pegue daquele jeito!
6 Comments
Adoro contos de terror/suspense e esse final me surpreendeu. Eu tava louca pra Mariana se vingar mas a coitada era só doidinha!!!! Até agora estou com raiva da Júlia, mesmo que ela seja inocente.
Olá Gabriela, obrigado pela sua visita. Que bom que a história lhe surpreendeu. Fico feliz que gostou. Atender às expectativas dos amantes do gênero é sempre um desafio. Se tiver mais críticas e sugestões fique a vontade para entrar em contato.
Foi a coisa mais TOSCA que li nos últimos 10 anos…lamentável
Nossa fiquei surpresa!! Parabéns Michael Santos, além de ótimo escritor você tem uma criatividade surpreendente. Abraço.
Obrigado pela sua visita e leitura Elveter. Fico no aguardo das suas sugestões para que eu possa melhorar e continuar contribuindo com o entretenimento dos verdadeiros admiradores do gênero.
Um grande abraço!
Obrigado Jaqueline! Espero continuar surpreendendo. Não deixe de ler as outras histórias e aguardo você para as novas.
Forte abraço!