Não consigo entender que existia, e ainda existem, pessoas que as vêem como anormais. O Brasil inteiro deve ir ao cinema ver esse documentário – Divinas Divas, que é muito sensível e cheio de amor, que a atriz e diretora Leandra Leal nos traz.
Sinopse
Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujika de Holliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios formaram, na década de 1970, o grupo que testemunhou o auge de uma Cinelândia repleta de cinemas e teatros. No Teatro Rival, elas brilharam. O documentário acompanha o reencontro das artistas para a a montagem de um espetáculo, trazendo para a cena as histórias e memórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época.
Foram 110 minutos que não vi passar, ficaria mais… degustando e apreciando aquelas histórias, que mesmo com muito sofrimento e rejeição, o amor pela arte e por toda uma vida de dedicação, superaram muitas coisas.
A censura no regime militar foi um dos elementos mais marcantes da severidade do regime autoritário que governava o país. O povo brasileiro era controlado pelos órgãos do governo. Nenhuma censura será bem-vinda, mas o que esses artistas travestis sofreram naquela época, só sendo eles para saber.
Esse documentário veio na hora certa, estamos num momento delicado de intolerância e ódio que é assustador. Naquela época, mesmo com todo sofrimento, os travestis artistas tinha voz e um palco, hoje não existe mais isso, o conservadorismo, que paira a nossa sociedade, não os permite viver a sua arte.
Os planos do longa quase todos fechados, bem intimistas e desfocados no inicio, como se quisesse nos mostrar o esquecimento, a morte daquele artista. Mas logo o foco aparece e vemos com perfeição cada detalhe das divas, suas emoções e seus relatos. Nessa hora vemos que elas não só existem, mas que não merecem serem esquecidas.
Realmente, Leandra Leal, o teatro não é herança, é uma missão.
A sua arte não é nada “Rival” e, sim, uma grande aliada. Parabéns, seu documentário é lindo!
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