O que falar de Inseparáveis? Vamos lá.

Você tem uma história verídica, interessante nas mãos e que vem de um livro de sucesso. Inseparáveis cartazE você também tem a oportunidade de fazer um filme sobre essa história. Mas você sabe que já existe um ótimo filme recente, que foi feito baseado nessa mesma história.

O que você faz?

1 – Tenta copiar tudo do outro filme.
ou
2 – Tenta, com todas as forças, fazer um filme diferente e melhor.

Pois é, eu escolheria a opção 2.

Eu ia conseguir fazer melhor? Não sei. Talvez não, mas seria pelo menos diferente do outro.

Não é o caso do longa metragem Inseparáveis, do argentino Marcos Carnevale, que realmente faz uma cópia – só que com uma produção inferior – do filme francês “Intocáveis” (2011) de Eric Toledano e Olivier Nakache.

O filme conta a história de um rico empresário Felipe (Oscar Martinez), que tornou tetraplégico devido a um acidente e está a procura de um novo assistente terapêutico.

Apesar de entrevistar pessoas muito qualificadas, ele decide contratar Tito (Rodrigo De La Serna), assistente de seu jardineiro, mesmo as pessoas mais próximas a ele não concordar com a sua escolha. Incrivelmente, uma amizade entre os dois começa a nascer.

E a história, mesmo sendo profunda e dramática, é bem divertida e este remake é ainda mais engraçado – adaptando os costumes e as piadas locais – do que o original. O tom do filme é o único diferencial do longa argentino para o longa francês.

Aprecio os filmes argentinos. Os hermanos são muito competentes, mas, infelizmente, esse filme me incomodou muito. Não tem como não comparar com “Intocáveis”, pois é um filme recente demais, está vivo, seu cheiro ainda está muito forte e tem, além de tudo, uma produção incrível.

Marcos Carnevale não se arrisca nas mudanças e muito menos nos conta o fato da história ser em outro país.

Inseparáveis

Inseparáveis tem cenas, falas e até enquadramentos iguais ao longa “Intocáveis”. Isso foi demais pra mim…

Aliás são vários pontos negativos nesse longa.

O argentino, Marcos Carnevale, esqueceu que o sucesso do longa francês, não foi à toa, pois a história é profunda, emocionante e que dois personagens dividem o protagonismo, não existe um sem o outro, por isso é tão incrível.

Mas em Inseparáveis, a história do assistente, Tito, ganha apenas uma pincelada. O drama intenso e importante, que a família de Tito traz, não é visto e o filme enfraquece mais ainda.

A trilha sonora busca a sua emoção todo o tempo. Do nada, aquela musica chorosa e desnecessária aparece. E eu me perguntei várias vezes: Deus do céu, cadê o silêncio desse filme?

Eu esperava o algo a mais, mas a mágica não aconteceu.

Se você não viu “Intocáveis”, provavelmente vai gostar do longa argentino. Se já viu o longa francês, só consigo pensar em dois motivos para você querer ver essa versão argentina, curiosidade ou ser muito louco por cinema.

Author

Cineasta formada pela Academia Internacional de Cinema. Produtora audiovisual, dirigiu o curta metragem "4:23" em 2016 e "Dissonantes" em 2017.

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