Depois de iniciar, com o pé direito, a maratona cinéfila com a première brasileira do belo A Forma da Água (estreia só em Janeiro), já tive minhas três primeiras experiências nesta edição do Festival do Rio 2017.
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Tom of Finland
Baseado na vida de Touko Laaksonen, um dos maiores artistas homossexuais do século XX, Tom of Finland (ainda sem previsão de estréia) não economiza nas cenas de sexo e na nudez gráfica para contar o delicado dilema de um artista proibido de se expressar.
Competente ao ilustrar o pesadíssimo sentimento de não poder compartilhar sua obra com absolutamente ninguém (sob pena de acabar na cadeia ou agredido por radicais), o filme consegue equilibrar o tom da narrativa durante a primeira metade, mas acaba soando repetitivo e enfraquecido por uma performance central sem brilho.
A trilha sonora, excessiva, também não ajuda e, com isso, a trama se arrasta de forma trôpega até um final previsível.
NOTA 2/5 ✮
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Me Chame Pelo Seu Nome
Seguindo na temática LGBT, Me Chame Pelo Seu Nome (estreia confirmada para Janeiro) é muito mais eficiente que a produção anterior. Além de contar com a boa direção do italiano Luca Guadagnino, a produção ainda tem a sorte de contar com um elenco inspiradíssimo encabeçado pelo jovem Timothée Chalamet (Interestelar) e o subestimado Armie Hammer (O Agente da U.N.C.L.E.).
Oferecendo uma performance que deve colocá-lo em várias premiações, Chalamet vive Elio, um adolescente que vive as tradicionais confusões dessa fase da vida, mas com uma entrega admirável.
Não muito distante, Armie Hammer tem mais uma oportunidade de provar seu talento, ao transformar seu Oliver num personagem complexo e multifacetado.
Combinando uma deliciosa trilha sonora a uma fotografia que favorece as cenas externas, o filme pinta um retrato sensível e comovente da figura clássica do adolescente em busca de um primeiro amor, mas confuso em suas escolhas. Porém, o maior mérito do filme é não se deixar levar pelos clichês e pelas convenções, ao optar por seguir uma linha naturalista e que permite alguns bons alívios cômicos, revelando-se uma experiência intensa, triste, mas também muito prazerosa.
Aliás, o roteiro do veterano James Ivory (Retorno a Howard’s End) merece aplausos por apresentar cenas de sexo que em nenhum momento soam gratuitas ou vulgares, pelo contrário, apresentando-se até mesmo elegantes.
Para finalizar, o monólogo final de Michael Stuhlbarg é, provavelmente, um dos melhores momentos de 2017, numa aula de sabedoria e amor paternal que é muito bem-vinda nos dias de hoje.
NOTA 4,5/5 ✮
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O Que Te Faz Mais Forte
Encerrando o primeiro dia, O Que Te Faz Mais Forte (outro que só chega em 2018), narra a vida de Jeff Bauman (Jake Gyllenhaal), que teve a vida mudada após perder as duas pernas durante os atentados a bomba na maratona de Boston em 2013.
Contando com mais uma atuação poderosa de Gyllenhaal, o filme derrapa várias vezes ao tentar incluir alívios cômicos com o intuito de tentar suavizar a trama, mas o efeito é apenas a diluição do drama.
Para piorar, o elenco secundário (com exceção da eficaz Tatiana Maslany) mostra-se terrivelmente irregular, com destaque para a decepcionante atuação de Miranda Richardson (do fraco e recente iBoy) que chega a irritar como a insistente mãe do protagonista.
Não fosse a excelente performance de Jake Gyllenhaal (que mais uma vez aparece no radar das premiações) e a boa decisão de não espetacularizar a cena-chave do filme, O que te faz Mais Forte, certamente correria o risco de passar em branco.
NOTA 2,5/5 ✮
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