Sinta-se despencando em meio à ação com Hitman: Agente 47. Não sei se é de grande ajuda conhecer o tema; se gosta de abordagens mais diretas em relação à trama, esqueça.
Agente 47 é um assassino brilhante com um código de barras na parte de trás de sua cabeça. Careca e usando terno e gravata vermelha, é uma figura fácil de associar. Em Hitman: Agente 47, Rupert Friend (um assassino supostamente sem emoções interpretado por alguém com o sobrenome Friend provoca algumas sobrancelhas erguidas, vai) reencontra o cientista responsável por suas habilidades super-humanas, o Dr. Litvenko (Ciarán Hinds), com a ajuda da filha do geneticista, em quem também foram feitos vários experimentos.
Essa filha, Katia van Dees (Hannah Ware), desde o começo está cheia de mimimis porque quer encontrar um determinado homem. Quem ele é? Porque ela quer encontrá-lo? Nem ela mesma sabe. Depois ela fica sabendo que ele é o pai que a abandonou na infância. Considerando que a mãe morreu antes desse abandono, quem a criou? Sei lá, a produção achou desnecessário elaborar esses pequenos detalhes em favor da ação central – que também não prende muito.
Deixando essas ponderações de lado, ainda existe a questão de o agente 47 ter achado a tal Katia supostamente para encontrar Litvenko. Mas por que mantê-la viva? Especialmente depois de completar sua missão (que, honestamente, talvez nem ele mesmo saiba qual é, já que começa de um jeito e termina de outro)?
Desde o trailer há explosões, perseguições, sequências de luta que fazem questionar a gravidade e gente à prova de balas. Tudo isso é muito legal (acho uma excelente combinação num gênero como a ficção científica), mas ficou faltando algum elemento que ligasse tudo isso e fizesse das partes um todo. Da maneira como foi produzido, ficou tudo um pouco desconexo e o expectador tem, por vezes, de parar para simplesmente lembrar o que está vendo. Um pouco fraco no quesito “Impedir o público de mexer no celular enquanto assiste”. Também as revelações não aparecem nos melhores momentos, e fica uma sensação de “preciso ver de novo, eles devem ter explicado isso melhor antes”.
É um filme baseado num jogo de vídeo game e foi antecedido por uma outra adaptação, Hitman – Assassino 47. O primeiro Hitman já foi considerado fraco pela repercussão ter sido abaixo das expectativas, e o segundo não parece estar muito longe dessa marca ruim.
É bastante complicado quando os ingredientes são bons mas a receita não chega lá – e nenhum Hitman em filme chegou lá ainda. Certos elementos vão pra trave, outros nem tão longe chegam. É válido em vários aspectos, mas a trama não é um deles.
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