007 Contra Spectre cartazToda vez que a franquia 007 é mencionada, é sintomático que se inicie um intenso debate acerca do melhor intérprete de James Bond. E se Daniel Craig não alcançou a unanimidade, pelo menos não há muito o que questionar quando se fala na importância de seus filmes para a história do agente. O fato é que foi justamente com Craig que a série evoluiu, trocando o tom fantasioso e exagerado que imperou até a fase de Pierce Brosnan por uma atmosfera crua e realista.

Novamente escrito por Neal Purvis e Robert Wade, o roteiro acompanha James Bond e sua busca por uma organização secreta que parece ter ligações com seu passado, enquanto M (Ralph Fiennes, sempre eficiente) continua lutando contra forças políticas para manter o Serviço Secreto na ativa. Nesta nova aventura, a primeira novidade que salta aos olhos é a forte presença do humor. Logo em sua primeira cena, Bond já se apresenta como uma figura mais descontraída e bem humorada, o que fica evidenciado também nos sagazes diálogos entre o agente e Q (vivido com personalidade por Ben Whishaw).

Entretanto, se o roteiro acerta em cheio no humor, é preciso reconhecer que o alto padrão estabelecido pelo filme anterior (o ótimo Operação Skyfall) não é mantido, já que os roteiristas parecem dar mais importância às explosivas seqüências de ação do que à trama em si. E por falar em trama, aqueles que assistiram aos filmes anteriores devem ficar atentos, pois inúmeras referências são feitas, principalmente a Cassino Royale.

Outra decepção reside justamente num ponto em que a série costuma se destacar: o vilão principal. O excepcional Christoph Waltz tem pouquíssimo tempo de tela para conferir peso ao seu Franz Oberhauser, que, pra piorar, ainda tem um desfecho que se revela um verdadeiro anti-clímax. A canção Writings on the Wall, de Sam Smith, também se revela um enorme equívoco, sendo facilmente eclipsada pelas ótimas You Know My Name e Skyfall.

Embora conte com sua parcela de imperfeições, 007 Contra Spectre jamais deixa de ser divertido e, ainda que se revele inferior a Skyfall e Cassino Royale, representa mais um acerto dessa franquia que parece muito longe de perder o fôlego.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...

4 Comments

  1. Pablo Galdino

    Ótima crítica! Além de dar uma pincelada no passado da franquia, explica muito bem, sem grandes spoilers, a história do filme.

  2. Pablo Galdino

    Aliás, concordo plenamente com a opinião do Khandido sobre a antiga e nova era da franquia. Pois acho que qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico acharia “meio feio” um “ser humano” ser capaz de cortar, com a boca, um cabo do aço de um bondinho na nossa “cidade maravilhosa”.

  3. Guilherme Khandido

    Muito obrigado, Pablo! Fico muito feliz que tenha gostado. Fique à vontade para comentar sempre que quiser.

  4. Guilherme Khandido

    Excelente referência. “Contra o Foguete da Morte” realmente é um dos mais exagerados da franquia. 007 se adaptou aos tempos atuais, em que há uma demanda maior por filmes “realistas”.