O Exterminador do Futuro 2 cartazPoucos diretores hoje em dia possuem a capacidade, o talento e a competência de James Cameron para conceber sequências de ação. Inúmeros adjetivos poderiam ser empregados para tentar descrever sua genialidade, pois Cameron é um dos melhores diretores de filmes de ação de sua geração. E com este seu, já clássico, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, Cameron aliou sequências de ação absolutamente espetaculares a uma trama complexa e delicada, resultando num raro exemplar de Blockbuster com alma e vocação para o espetáculo. Um filme que consegue ao mesmo tempo entreter e passar uma (bela) mensagem, sem subestimar a inteligência do espectador.

Todavia, a inteligência de James Cameron não se limitou à direção, se estendendo também à escolha do elenco. E que elenco! O cineasta foi inteligente ao buscar um ator que pudesse transmitir toda a impassividade e a determinação do mais importante personagem de seu filme e encontrou em Arnold Schwarzenegger seu intérprete ideal, um ator normalmente eficaz como astro de ação, mas pouco expressivo. E o Exterminador de Schwarzenegger atingiu um grau de popularidade tão alto que Cameron se viu obrigado a transformá-lo em mocinho nessa continuação.

Desta vez, o implacável ciborgue T-800 é enviado para proteger o jovem John Connor, que no futuro lidera a resistência humana na guerra contra as máquinas.  Só que a tarefa ganha contornos dramáticos quando outro ciborgue, ainda mais avançado, é enviado para matar Connor e é aí que a trama esquenta. Em meio a esse fogo cruzado está Sarah Connor, que depois dos eventos do primeiro filme, se transformou numa mulher forte e determinada.

O Exterminador do Futuro 2 Sarah

Com a natureza do Exterminador já devidamente apresentada e consagrada, Cameron se permitiu focar a trama na relação entre seus personagens, principalmente entre o ciborgue e John Connor. Vivido com intensidade por Edward Furlong, John Connor é um adolescente enérgico e de personalidade forte, mas que convive com o fato de ser filho de Sarah, que atualmente está internada numa clínica psiquiátrica. E além de lidar com os problemas típicos da adolescência, John deve encarar a responsabilidade de ser a esperança da humanidade no futuro, tendo de escapar da mira de um androide implacável ao mesmo tempo em que tenta aprender sobre a vida.

Já Sarah (Linda Hamilton, na mais carismática performance de sua carreira) é uma mulher que teve de aprender a sempre estar preparada. Mas ao mesmo tempo em que se revela uma legítima guerreira, Sarah não deixa de exibir seu lado materno, o que acaba transformando-a numa personagem ainda mais complexa à medida que percebe que o robô com quem luta talvez dê mais valor à vida humana do que os próprios humanos. E essa é a questão central na trama de O Exterminador do Futuro 2.

Enquanto foge do T-1000 (interpretado com frieza por Robert Patrick), o trio, formado por Sarah, John e o T-800, discute temas filosóficos e existenciais, sempre tentando entender a natureza humana. Reflexões a cerca de nossos impulsos autodestrutivos, nossa natureza violenta e nossa ganância. E tente não se emocionar com as cenas em que John explica a “lógica” dos sentimentos ao T-800.

Contando também com frases de efeito icônicas e inesquecíveis (quem nunca soltou um “Hasta la vista, Baby!”?), a produção fez história ao ser a primeira a contar com um orçamento superior a 100 milhões de dólares, um investimento que se provou deveras lucrativo depois de faturar mais de meio bilhão de dólares nas bilheterias ao redor do mundo.

O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final é um dos melhores exemplares dos gêneros “Ação” e “Ficção Científica”, debatendo temas complexos e maduros que, infelizmente, ainda são atuais, revelando o que há de pior em nós, mas sempre exibindo a esperança de que no futuro possamos aprender com nossos erros e evoluir. Porque como bem diz Sarah Connor: “Se uma máquina, um Exterminador, pode aprender o valor da vida humana, talvez nós também possamos”.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...

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