Fui assistir pela segunda vez o Musical Evita, em cartaz no Teatro Alfa em São Paulo. A montagem está impecável como tudo que Jorge Takla faz.
O Elenco principal conta com Paula Capovilla no papel título, Daniel Boaventura como Juan Domingo Perón e Fred Silveira no papel de Che Guevara, o narrador da história.
O musical conta a História de Eva Duarte, que menina já sonhava em conquistar Buenos Aires. Para realizar seu desejo não mediu esforços e nem teve escrúpulos, galgando cada degrau da fama e do sucesso aproveitando-se de homens cada vez mais poderosos até que conheceu Juan Perón, com quem veio a se casar. Graças à ambição de Evita e ao seu carisma (ou seria poder de manipulação?) Perón ascendeu ao poder, chegando à Presidência da Argentina, intitulando-se o defensor dos descamisados e tiranizados.
A peça retrata bem o lado populista de Evita, mostrando que sob a fachada de mãe dos pobres só tinha em mente realização pessoal e sede pelo poder.
Paula Capovilla está perfeita no papel, cantando e atuando divinamente, com sua presença de palco marcante e perfeita caracterização. Realmente convence e emociona ao encarnar o papel.
Daniel Boaventura faz um Perón perfeito, frio e sisudo como não poderia deixar de ser um militar de alto escalão. Tem poucos momentos de glória no espetáculo, mas quando tem a chance mostra que é capaz, cantando e emocionando com sua voz grave e seu charme e beleza indiscutíveis.
No entanto, na minha singela opinião, quem rouba a cena neste trio de protagonistas é Fred Silveira, que simplesmente arrasa com seu Che Guevara cínico, irônico e sagaz. Cabe a ele, durante todo o tempo, mostrar que a “Santa Evita” não é assim tão santa e que a tal preocupação com os descamisados não passa de uma farsa para benefício próprio. Fred canta e encanta com sua voz forte e suas caras e bocas. Depois de ser, entre outros, o “guardinha do fosso” de O Fantasma da Ópera, mostrar toda a sua competência como Trekkie Monstro e Nicky, os polêmicos bonecos de Avenida Q, finalmente tem o destaque que merece neste musical.
Bianca Tadini também merece destaque, pois em seu único solo como amante de Perón, mostra a que veio e canta com o coração, transmitindo todo o sofrimento da personagem que acaba de ser humilhada pelo novo casal que acabara de se formar.
O cenário é simples e funcional, além de extremamente elegante. Serve como fundo para as projeções de fotos e vídeos reais que vão contando a história da Argentina entremeada pelas histórias de Evita e Perón, mesclando de forma muito interessante ficção e realidade, principalmente ao mostrar cenas do funeral de Evita e da posse de Perón, deixando claro o fascínio que esta personagem emblemática exercia nos argentinos.
Uma das características do diretor Jorge Takla é a excelência de seus figurinos, produzidos com riqueza de detalhes, muito bom gosto e luxuosidade. Em Evita não seria diferente e o figurino de todo o elenco, mas em especial de nossa heroína é de cair o queixo. Impossível não citar o vestido preto usado no Baile onde Evita conhece Perón e o vestido branco da posse, que são magníficos, como se pode ver pelas fotos a seguir.
Em suma, o musical é fantástico, perfeito em todos os sentidos. Lindas canções, excelentes interpretações e um elenco excelente. Imperdível para quem gosta de teatro e aprecia produções muito bem cuidadas.
Só pra constar, saí de lá com vontade de assistir novamente. Oh vício!!! kkkkkkk
Evita continua em cartaz no Teatro Alfa até julho.
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14 Comments
Concordo com TUDO que você disse. Aaah "Santa" Evita!
Também acho que Fred finalmente teve o destaque merecido.
Concordo com você, Vivi!
Trabalho impecável por parte de todos durante todo o espetáculo!!
Saí todas as vezes querendo mais e ando sofrendo de saudade de Evita!
Vício nosso? Magiiina! rs
Eu concordo em partes, quando fala sobre os atores e o espetáculo, sua análise é perfeita, a gene saí mesmo do teatro querendo voltar já na próxima sessão e lamento muito não ter visto o Fred em West Side e Avenida Q. Quanto a Evita, eu acredito que mesmo sendo manipuladora e ambiciosa, ela conseguiu fazer muita coisa pelo povo argentino, mas creio que o título de santa é um pouco demais!
Manipuladora com certeza!!! Fico muito claro isso….. E é essa a história mesmo!!! Ela queria a glória,,,,Queria o povo aos seus pés…….
Concordo com tudo que vc disse, de cada ator….. A Bianca, realmente, com sua linda voz, passou a dor que sentia…. Muito atriz também!!!!
Um ressalva, para os vozerões de Leonardo Wagner, e a DIVA Cidália Castro, que além de cantar, participou das coreografias, e marcou presença no palco, quase o espetáculo todo, além de salvar os coros, com sua poderosa voz!!!!
*FICOU (meu teclado come letras) =/
Oi Vera… Falar da Cidália é chover no molhado. Mesmo com um papel super pequeno ela aparece. Pra quem conhece a voz dela distingue perfeitamente a voz dela no coro. Não é novidade pra ninguém que pra mim Evita foi mega esperado por conta dela. Aliás… sabe qual é o autógrafo de capa do meu programa????? Cidália Castro é claro… Que Daniel Boaventura que nada…. heheheheheh Aliás, o que é ela de lencinho de descamisada na cabeça????? Ficou hilária… Adorooooo….. (como sempre diz a própria). Leonardo Wagner não conheço, então não tenho opinião formada…..
Ele foi o cantor de tangos…. Vc não lembrou, mas esteve em quase todos musicais que assistimos…. Desta vez. mostrou a voz….. Fez Noviça, Cats, My fair lady, West side story, entre outros 😉
É verdade, falar da Cidália é muito chover no molhado, e tbém foi o meu motivo de tanta expectativa pra Evita.
Eu também não conhecia o Leo Wagner, pelo menos não conscientemente, mas achei o Magaldí muiito bom, ele tem um vozeirão de dar inveja.
Hummm, não lembro dele em nenhum espetáculo… mas Ele canta bem sim. Aquele tango do início ficou lindo demais.
Parabéns pelo post, Vivi! 🙂
Obrigada Sammy…. 🙂
Bolsa teatro…seria um presentão para nós, heim…
É verdade, a discussão sobre ela em relação a política fica para outro momento, pois, teríamos que nos aprofundar muito nos conceitos e, prá te falar a verdade, nem sei se em outro momento, ando meio cansada desse minha militância…hehehe…tô ficando véia, acho que 30 anos já foram o bastante, né!
Quando vc for de novo, me avise! bjs
Uma coisa, no entanto, é certa…Evita é uma das poucas mulheres que se transformou num mito maior do que ela sonhava e muito maior que Péron, entrou para a história num universo político, dominado por homens até hoje e principalmente naquela época, em que as mulheres viviam à sombra, ela rompeu barreiras e quebrou tabus. Talvez por isso seja assim, tão amada e odiada ao mesmo tempo!
Eu amei, mas queria que eles falassem mais durante o espetáculo ! Prefiro musicais que as pessoas cantam mas também falam ! Ele é todo cantado tem horas que da pra desconcentrar da história tipo o filme do O fantasma da ópera .-.