Estrelas De Cinema Nunca Morrem retrata, de maneira leve e engraçada, o inusitado romance entre a estrela de 
cinema dos anos dourados Gloria Grahame e o jovem ator, Peter Turner, 29 anos mais novo do que a atriz.
O diretor Paul McGuigan merece méritos ao relembrar a vida dessa antológica atriz, hoje em dia, infelizmente, esquecida, além de trazer menção ao icônico casal Humphrey Bogart e Lauren Bacall.
De forma sutil, McGuigan evidencia um passado escondido nas entrelinhas, o passado de uma estrela em declínio. Não é à toa que Peter Turner, personagem interpretado por Jamie Bell, nem se quer tinha ouvido falar da atriz quando esta se muda para seu prédio. Aos poucos Peter toma conhecimento da importância de sua nova vizinha, por meio de sua inquilina, um atendente de um pub e mesmo seus pais. Todas personagens mais velhas e que, portanto, puderam conhecer a atriz no auge de sua juventude.
Além disso, o roteiro deixa claro que, apesar do ar jovial e alegre de Gloria, a atriz sofre com o peso da idade. A estrela de Hollywood sonha em entrar para a Royal Shakespeare Company e interpretar a jovem de 14 anos, Julieta, algo que Peter questionada, rendendo a primeira grande briga do casal.
Mas apesar de sua já desgastada carreira, o brilho de sua trajetória estará sempre presente na atriz, pois como a própria mãe de Peter acredita, uma estrela sempre será uma estrela. A fotografia do longa ajuda a criar essa atmosfera com o uso constante de um efeito flare em grande parte das cenas em que Gloria Grahame aparece, talvez como símbolo dos resquícios de fama que ela carrega consigo.
De maneira engenhosa o filme transita do passado para o presente em toda a narrativa do filme, em geral sob a perspectiva de Peter.
Uma sequência de cenas que vale ser citada é quando Turner recusa um papel como ator em Londres para continuar morando com Gloria em seu apartamento, porém, logo em seguida a atriz começa a agir de maneira estranha com o amante, algo que o leva a pensar que está sendo traído. No entanto, a mesma sequência logo é repetida, agora pelo olhar da atriz, revelando-se então que ela acaba de descobrir a volta de seu câncer, explicação para seu comportamento fora do comum. As próprias interpretações mudam em cada versão, o que parecia uma resposta ríspida em uma, se tornar frágil na outra.
No entanto, a partir desse ponto, o filme perde a mão ao melodramatizar ao extremo o câncer da atriz e as reações de Peter. A trilha sonora que merece destaque inicial, agora torna-se excessivamente sentimental, beirando o novelesco. Fica claro que o objetivo aqui é fazer o público chorar, algo que faz o longa, como efeito contrário, perder sua força potencial.
Porém, mesmo assim, o filme tem seu louvor. Com elenco de peso, conta com a britânica Julie Walters no papel da mãe de Peter e a veterana Annette Bening no papel principal. A atriz, que nunca desaponta, é um dos pontos fortes do filme, com uma construção de personagem fiel e nada caricata.
Pelo histórico de filmes do diretor Peter McGuigan, percebe-se que McGuigan não possui grandes marcas registradas na direção. Mas, apesar de Estrelas De Cinema Nunca Morrem não ser um filme muito autoral ou brilhante, ele cumpre com sua função e consegue entreter.
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