high_sparrowCom uma sensível e positiva diferença com relação aos dois primeiros episódios, High Sparrow recoloca a série no trilho. Aliás, um trilho que ninguém sabe onde vai dar. Certamente é mais um episódio que dividirá opiniões dos leitores dos livros de GRRM. Não tenho dúvida de que as novas mudanças promovidas por D&D deixaram os espectadores que já conhecem a história na literatura de boca aberta.

O que importa mesmo é que o episódio deu um salto de qualidade. Excelente roteiro de D&D, depois que todos arcos dramáticos foram abertos de forma muito estranha nos dois primeiros. Agora temos consideráveis avanços na maioria dos núcleos. Mais do que isso: consideráveis avanços com ecos em tudo o que vimos no primeiro e no segundo episódio. Com um olhar bastante focado no fanatismo de vários grupos no pós-guerra, D&D investem um precioso tempo em construir o mundo livre de conflitos abertos e sem a esmagadora presença da guerra total.

Não é de se espantar que pessoas se entreguem a qualquer tipo de fanatismo religioso, já que sem a motivação da conquista liderada por outros tipos de fanáticos pelo poder, acabam por buscar liderança em qualquer fantasia sobrenatural, o que reflete a sociedade humana de qualquer período. Qualquer crença em nosso mundo não passa de fantasia e especulação, mas em Westeros e Essos a coisa é bem diferente. Sabemos, depois de tantas temporadas e milhares de páginas, que o sobrenatural ali existe e pode fazer um estrago e tanto.

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Esse é o tom: antes liderados por homens em guerra, agora, e cada vez mais, a câmera está voltada para a formação de grupos fanáticos em Porto Real, em Meereen, em Bravos e em Volantis. Contrapondo-se a isso, Petyr, Stannis, Jon e Roose parecem ser os líderes remanescentes com claros desafios de liderança, como se a presença deles fosse algo… velho. É um olhar bem interessante dessa quinta temporada.

D&D tiveram o cuidado de colocar Jon Snow em uma posição semelhante a de Daenerys no episódio anterior. Com isso, antecipa uma série de problemas na Patrulha. Basta lembrar as palavras de Sor Baristan à Dany antes de um julgamento em Meereen. O prólogo daquela profecia de Cersei também ecoou nesse terceiro episódio. E aqui, vale ressaltar a importância do diálogo entre Margaery e Tommen, quando a nova rainha reconstrói as tragédias que Cersei sofreu na vida para que o espectador flerte com os motivos que a transformaram naquela pessoa desprezível.

Mas terá o espectador a capacidade de compreender Cersei da mesma forma que certamente compreenderá as atitudes de Sansa lá em Winterfell diante daqueles que mataram sua família inteira? Foi um diálogo importante e outra rima temática genial. Aliás, note o figurino de Cersei e Sansa como estão próximos. Não é só luto, há uma proximidade na personalidade das duas sendo construído ali. Outro embate direto que D&D sugeriram foi o de Brienne e Stannis, uma novidade que pode ser bem interessante para o final da temporada.

Vale destaque para a direção de Mark Mylod. É o primeiro trabalho que vejo desse diretor e gostei muito. Apresenta ótimos planos em um episódio morno por natureza. Com sua câmera de baixo pra cima, ressalta a imponência de Margaery logo depois de focar Cersei pequena, reduzida a uma espectadora durante outro casamento real. Com novas locações, sempre um novo gás nas temporadas, o diretor explora muito bem Fosso Cailin, Volantis, Bravos e a reconstrução de Winterfell – o que foi muito mal feito por Slovis nos episódios anteriores.

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O mesmo ocorre na direção de atores. Certamente é de Mylod a responsabilidade pelas interpretações muito superiores dos atores principais. O suspiro de alívio de Jon Snow depois de uma conversa tensa com Stannis, o olhar de espanto de Arya em uma atividade na Casa do Preto e Branco, a dinâmica entre Cersei e Margaery, a travada de Tyrion diante de uma prostituta e a mudança na postura de Sansa têm o dedo de um diretor atento e comprometido a tirar o melhor dos seus atores. Alguém aí notou a presença de Bran em Winterfell? Muito sutil e bem-vinda.

Suspeito que daqui em diante virá carnificina. Coisa que GoT faz bem. Talvez não no próximo, que ainda terá construção de mais personagens em Dorne. Se eu tivesse que apostar alguma coisa hoje, seria que até o final dessa temporada teremos um massacre dos Bolton. É só um palpite. Com tantas diferenças, não sei de nada. Mesmo. Mas estou gostando por enquanto. Cadê as Serpentes?!

GoT 5×04 Promo “The Sons of the Harpy”

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Escritor e Crítico Cinematográfico, membro da Associação Paulista de Críticos de Arte e da Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos.

3 Comments

  1. Johnny Bauer

    Ótima crítica e ótimo olhar analíticos sobre o episódio!
    Parabéns!

  2. Ótima crítica, Baldin!

    Depois de dois episódios fracos, fiquei feliz com o desenrolar deste. Considero o roteiro a parte mais frágil da série, pelo fato do universo de Westeros ser muito gradioso e complexo. Por isso é muito prazeroso ver quando as coisas dão certo.

    Também gostei do diálogo da Brienne ligando Stannis. Interessante ver que um personagem pode acabar desestabilizando todas a história. Espero que no futuro Arya possa fazer o mesmo com as suas vinganças.

    Abraços.