Aguardado com ansiedade pelo público (principalmente feminino) e pelos devoradores de livros (de romance, em sua maioria), Como Eu Era Antes de Você finalmente chega aos cinemas com a promessa (e a pressão) de, pelo menos, seguir na mesma linha do bem sucedido A Culpa é das Estrelas.
Escrito por Jojo Moyes a partir de seu próprio livro, a trama segue Louisa Clark (Emilia Clarke, de Game of Thrones), uma jovem que após perder o seu emprego e ver sua família perto de uma crise financeira, aceita o difícil trabalho de cuidar de Will Traynor (Sam Claflin, de Jogos Vorazes), cuja tetraplegia o transformou num sujeito amargurado e sem a menor preocupação de ser gentil com as pessoas a sua volta. Se tratando de um romance, não é difícil imaginar o que vai acabar acontecendo…
E é exatamente essa a maior decepção do projeto, que em nenhum momento parece ter a ambição de ser mais do que outro típico romance feito sob medida para provocar lágrimas. Sendo assim, clichês e convenções surgem o tempo todo, fazendo com que possamos facilmente antecipar os acontecimentos do filme. Com isso, a força da trama acaba sendo diluída à medida que percebemos como tudo irá acabar. E é realmente frustrante poder ditar o andamento da trama.
Mas se o roteiro é previsível, ao menos o elenco se mostra afiadíssimo. A excelente Emilia Clarke, que salvou o novo Exterminador do Futuro do desastre, mais uma vez oferece uma ótima performance: simpática e extremamente expressiva, Clarke conquista o espectador com facilidade já em sua primeira cena, surgindo sempre adorável e se saindo bem em suas cenas mais complexas, jamais transformando sua Lou na típica donzela frágil e sem personalidade que infelizmente tem aparecido com tanta freqüência nos últimos anos. Sam Claflin, por sua vez, também é eficaz, construindo um personagem interessante cujo sarcasmo mordaz acaba servindo como mecanismo de defesa numa vida extremamente melancólica (e Claflin alterna entre a melancolia e a alegria com habilidade. Porém, nada funcionaria se os personagens principais não tivessem química. E para o bem do filme, Clarke e Claflin funcionam admiravelmente bem juntos.
Outro destaque da produção é sua açucarada trilha sonora, cortesia de Ed Sheeran, talvez o mais romântico dos cantores da atualidade. E o longa não tem pudor algum em desfilar seus maiores sucessos nos momentos mais importantes da trama.
É uma pena, portanto que a estreante Thea Sharrock não seja capaz (ou talvez nem tenha a ambição), de oferecer algo além do trivial. Sua direção limita-se apenas em emular tantas outras obras consagradas. Ao menos faz um bom trabalho junto ao experiente diretor de fotografia Remi Adefarasin (Match Point, Um Grande Garoto), aproveitando as belas locações disponíveis para construir belíssimas imagens.
Embora seja previsível e force a barra em alguns diálogos, Como Eu Era Antes de Você é um filme que acaba superando suas limitações graças à força e à química inquestionável de seus protagonistas. Infelizmente não é muito, mas ao menos é o bastante para evitar o fracasso.
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