Em A Chegada, doze ovnis em formato de concha surgem em vários pontos do planeta. Os militares norte-americanos entram em contato com a Dra. Louise Banks, uma linguista renomada, para desvendar a linguagem dos extraterrestres em seu primeiro contato. Porém, a resposta pode representar uma ameaça.
Mais uma vez fui ao cinema as cegas, mais uma vez foi a melhor coisa que fiz. Ao assistir ao trailer depois de ver o filme percebi que revela muitas coisas que me surpreenderam durante a exibição e que poderiam ter perdido a graça se tivesse visto antes.
Filmes de ficção científica que retratam o primeiro contato entre humanos e alienígenas é o que não faltam no catálogo cinematográfico. “Sinais”, “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, “Independence Day”, só para citar alguns. Na maioria das vezes os E.T.s são retratados como algo perigoso, muitas vezes o mote principal do filme acaba sendo a guerra entre mundos ou os alienígenas querendo destruir a Terra e acabar com os humanos.
Nessa produção há sim uma suspeita sobre a vinda desses visitantes e uma preocupação com o que irão fazer, o que inclusive constrói um suspense de deixar qualquer um tenso durante toda a projeção. Mas o assunto principal na verdade é sobre diálogo, dois seres diferentes tentando se comunicar; e isso é simplesmente sensacional. Os alienígenas da história servem mais como escada para questionar os relacionamentos entre as sociedades humanas do que para criar conflitos, guerras interplanetárias ou explosões megalomaníacas. Além disso a trama também discute outros assuntos mais científicos que não vou falar para não estragar a surpresa. Ainda assim guardem isso: não é um filme que aborda astronomia, física, ciências em geral, mas política e principalmente linguística, linguagem e diálogo.
Quanto ao elenco temos Forest Whitaker ótimo no papel de um militar preparado e engajado em seu trabalho e Amy Adams e Jeremy Renner entrando completamente no papel de dois acadêmicos tendo contato coisas inimagináveis, a ansiedade e espanto que demonstram ao terem o primeiro contato é quase palpável.
A trilha sonora lembra muito a de “A Origem”, mas funciona bem com o estilo do filme então acredito que não seja um ponto negativo ter seguido a moda. A fotografia usa de tons muito sépia e acizentados e abusa de desfoques em cenas de lembranças, tendência que venho observando com bastante frequência no cinema atual – esse estilo pode ser visto no recente “Animais Fantásticos e Onde Habitam” por exemplo, mas acredito que a inspiração pode ter vindo de “Interestelar”.
Claro que nem tudo são flores: há uma romantização de alguns momentos que talvez fosse desnecessária dentro de uma trama com outro tipo de profundidade, e como todo filme hollywoodiano que envolve conflitos mundiais os EUA são responsável pelo bom-mocismo enquanto Rússia e China são os impulsivos vilões ( apesar que achei a forma que os chineses encontraram para conversar com os E.T.s genial ).
Ainda assim acredito que esse filme consiga atingir bem todas as classificações na qual se encaixa, é um sci-fi de primeira, constrói um bom suspense e ainda tem uma veia delicada mas marcante de drama. Arrisco dizer que é o melhor ficção-científica do ano.
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