Parafraseando um autor desconhecido, “bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully – «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender.”
Sobre o tema, vou falar sob meu ponto de vista… Não sei se concordarão ou se criarei discórdia, mas é como vejo essa nova onda, onde toda violência tem uma justificativa chamada Bullying.
Eu, Carlinha, Ara, Bruxa, Cazinha, Cacá ou simplesmente Cá, sempre fui uma criança gordinha (imaginem uma criança entre 6 e 9 anos) e isso me rendeu apelidos na escola e entre coleguinhas: Hipopótama, Baleia Assassina, Rolha de Poço… Além de me tornar um ponto de referência tipo “_Quem é Ana? _Ana é aquela moça ao lado da gordinha” (e a gordinha era eu) kkkk
Isso fez parte da minha infância e eu nunca me revoltei, nunca levei pra escola um facão, um canivete, uma arma… (mesmo meu pai sendo delegado e eu sabendo onde ele guardava sua arma, munição e tudo mais).
Nunca quis matar ninguém pelos apelidos e ofensas recebidos. Em momentos, eu chorava e me perguntava por que era assim, diferente e blá! Outras vezes eu pensava “que se danem”.
Só que a gordinha aqui relevava tudo com Carisma e Humor! Muitas vezes quando tentavam me ofender, eu não ligava… Mamãe sempre me disse que ninguém briga sozinho e que a melhor resposta é nossa ignorância, pois isso frustra quem tenta nos atingir. Então eu ficava na minha, como se nada tivesse acontecendo.
Eu adorava brincadeiras em grupo, ainda mais se fossem brincadeiras de moleque, então eu queria jogar rouba bandeira, brincar de bandido e ladrão, soltar pipa e peão, ir pro Fliper jogar The King Of Fighters (sempre escolhia a Leona) além de bater figurinha e ter álbuns dos cavaleiros do zodíaco. Também brincava com as meninas de pique-esconde, vôlei, elástico (rasgava meia-calça da mamãe)… Com meu jeito, eu me aproximava dos meninos e meninas e, não raro, era o centro das atenções, já que discrição nunca foi o meu forte e eu era uma piadista!
Com o passar dos anos, já entrando na aborrecência (idade entre 11 e 13 anos), tinha muitos amigos, tanto na escola quanto na vizinhança e muitos desses eram meninos, todos despertando paixonites nas piriguetes (que naquela época não tinham esse apelido)… Logo, quando as meninas queriam se aproximar desses meninos, a quem elas recorriam???? Euzinha aqui, a gordinha baleia que antes elas ignoravam! E foi nessa época que compreendi o que chegava até mim como sendo, ou não, apenas interesse e isso me emputecia (oi?)!
Sei que de alguma forma eu consegui administrar várias situações em uma fase de conflitos (qual adolescente não tem conflito?)… Claro que eu não era santa e se alguém me ofendesse demais, eu partia pra cima (não no estilo do estudante australiano Casey Heynes que arremessou o seu agressor ao chão), mas eu não tinha medo de encarar ninguém pra defender a minha honra!
Mas voltando ao tema do Bullying propriamente dito, analisando a definição do tema, eu, provavelmente você leitor e muitas pessoas, sofreram esse tipo de violência quando crianças e nem por isso se tornaram pessoas violentas, debilóides ou mesma assassinas.
Pra mim, tudo faz parte de um amadurecimento que vem com o tempo… O Bullying é persistente na vida adulta, só que se mascara com outros adjetivos e atitudes, ou seja, ele se manifesta pelo Assédio Moral, não tem jeito.
Agora, o que me assusta de verdade nisso tudo, é que a sociedade passa a conhecer uma nomenclatura nova para a violência e com isso, buscar justificar alguns atos.
Penso que se continuar dessa forma, assassinos confessos terão em sua defesa a justificativa de que quando criança, sofreram bullying na escola, bullying dos pais, dos vizinhos, da sociedade e tadinhos… eles guardaram essa mágoa e mataram sem pensar, ou como em vídeo alega o Assassino de Realengo, se rebelar contra os injustos que ofendem inocentes!
Daqui a pouco não teremos mais prisões, apenas manicômios pois, todos serão tratados como loucos e não como criminosos que realmente são!
Beijo Grande
Carla
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16 Comments
Assino em baixo, gata!
Tudo o q vc disse é a mais pura realidade e sua conclusão está perfeita. Daqui a pouco seremos todos culpados e os assassinos serão as vitimas de uma sociedade doente. É 2012 chegando!!
beijão
Nossa!
Parabéns, disse tudo!
É impressionante como hoje em dia, milhares de coisas que fazíamos ou aconteciam nos nossos tempos de infância e adolescência [e tenho certeza que o meu tempo é bem anterior ao seu já que nasci em 1967, credoo colocando em números parece mesmo que faz muito tempo], mas voltando ao assunto, o que acontecia no nosso tempo, era tudo resolvido naquele tempo e da melhor maneira possível, superado ou não.
Apelidos, brincadeira, ofensas… muitas dessas hoje consideradas preconceito, crime e por aí vai.
Lembro que meu irmão sofreu na escola, menino quieto, nerd e naquele tempo, 1976, 1980… ser nerd era motivo de chacota sim! Tinha amigos sim, mas teve apelidos que tenho certeza ele não gostava… enfim, hoje ele é um homem maravilhoso, super pai, maridão, super filho e um irmão show de bola. Ah e super tio tbm!
Nada justifica tanta violência.
Já imaginaram se todas as pessoas que tem problemas, saírem por aí colocando suas frustrações "pra fora"? Danou-se! Acabou-se o mundo!
E que fique claro, não sou a favor de abusos entre adolescentes, apelidos, brincadeiras de mal gosto… tenho filhos, não quero que eles passem por isso, muito menos que façam outros passarem.
concordo plenamente!
Nada sofrido na infância justifica atos agressivos em nome dessa nova modinha…
E isso vale também pra drogas naturais… O que leva o indivíduo ao delito é a sua índole. Também não engulo essa de malandro botar desculpa em algo…
=***
Verdade pura! No final todos sofremos (sofreremos) bullying e o importante é não deixar ser dominado pela ofensa. Tenho na minha cachóla que ninguém se torna assassino por conta do bullying. Acho que o lance é a insanidade mental que é formada por um conjunto de fatores negativos que se consolidam pela existência do tal espírito que já era meio zuado (coloco assim, kkk) e pronto. Agora, justificativa??? Não é mesmo! Conte outra!
Ótimo o post!
Beijo!
Eu concordo em gênero, número e grau…. alias… essa história de usar isso como justificativa é bem pertinente, e logo logo estará sim, sendo usado em larga escala. Acho que todo mundo já sofreu ou ainda sobre um pouco de bullying, e nem por isso matamos uma criança por dia. E pra mim, aquele assassino de Realengo não era doente, nem fraco, era mau, era evil mesmo, e usou uma religião que ele não entende, para tentar justificar o injustificável.
Oi gordinha linda!
Adorei seu post e SEI como essas coisas funcionam.
Até porque eu era (e sou) a maria-macho da escola… Mas enfim, NUNCA matei ninguém. A não ser de tanto rir com minhas piadas ridículas rs.
Hoje sou melhor por ter sofrido certos preconceitos. Aprendi que existem pessoas menores e que não merecem nossa atenção. Aprendi também que tudo fica mais lindo – como você disse – quando tocamos o "fala com a minha mão".
Nada justifica, mas percebo que é bem provável que tal justificativa será viável nas perguntas sem respostas.
Um beijo, Mana. Te amo.
Engraçado que eu sofria bullying por ser nerd quando mais novo (faz tempo isso) e nem existia tal denominação aqui no Brasil. Nem outro nome se quer. Era apenas um conjunto de pessoas que atazanavam outra(s). E é complicado saber como resolver tal problema. Quanto mais mexe, mais fede. Mas estou aqui. Inteiro, são, saudável e, pelo que lembro, não cometi nenhum crime.
E o bullying adulto existe. Só que as pessoas acham que, como somos adultos, saberemos ignorar tal situação e tudo ficar bem. Não é bem assim.
Agora, sobre o assassino de Realengo, era doente, insano, maligno, perturbado. Poderia falar qualquer coisa para justificar o que fez. A desculpa da vez foi o bullying. Podia falar que odiou o filme Cisne Negro e fazer o que fez. Aí vamos culpar quem? Natalie Portman?
Pô!!!!!!!!!!!
Ótimo tema Carlinha. Na minha opinião essa história tem que ser analisada de diversos ângulos. Pessoas que tem uma boa estrutura familiar, força interior e o mínimo de discernimento do certo e errado, na maioria das vezes passa por esse tipo de agressão e sobrevive da melhor forma possível, mesmo que com marcas na lembrança. O grande problema ocorre quando isso acontece com pessoas que já apresentam algum disturbio psicológico, mesmo que ainda não desencadeado. A pessoa que faz loucuras como a de Realengo já não era normal mesmo antes do Bullyng e isso só veio a desencadear ou piorar um problema preexistente. Pessoas com disturbio psicológico ou psiquiátrico sempre existiram e sempre irão existir e o grande desafio tanto da família quanto da sociedade é perceber isso e tentar ajudar essas pessoas. O bullyng ou qualquer outro tipo de agressão por mais grave que seja não é capaz de transformar uma pessoa ao ponto de cometer atrocidades e o contrário também é verdadeiro, uma pessoa que nunca sofreu qualquer tipo de agressão pode desencadear um desequilibrio psicológico e cometer uma loucura como esta. A psique humana é um mistério nunca saberemos ao certo o que faz uma pessoa sair do lugar comum e ir para os extremos, a não discernir o certo do errado, a ter uma visão distorcida da realidade. Pra mim, como sempre a questão é tratada de forma superficial, o bullyng é um problema sim e tem que ser coibido, mas não é a causa de tragédias como a do Rio, pode, no máximo ser um fator desencadeante. O desequilíbrio já estava lá, se não instalado, escondido em algum canto.
Vou citar um exemplo que ocorreu no meu escritório semana passada para ilustrar a proporção que a coisa está tomando. Fui procurada por uma mãe que disse ter uma filha adolescente vítima de bullyng. Ao explicar a situação ela me disse que a filha era muito bonita e que chamava a atenção dos rapazes da escola (13 anos) e que ela estava sofrendo com ofensas por parte das colegas que a chamavam de "galinha" e saíram falando que ela ficava com todos os meninos da escola. Foram todos parar na diretoria e se confirmou que ela realmente tinha ficado com alguns dos meninos, mas a mãe muito ofendida pela "honra" de sua filha queria processar a escola e os outros menores. Em nenhum momento ela parou pra analisar se o comportamento daquela criança de 13 anos era questionável ou motivo de preocupação. Pode sim ser errado a retaliação por parte das meninas, mas a meu ver, cabe à familia orientar as crianças no seu comportamento e não sempre achar que seus filhos são vítimas do mundo e tirar 100% a responsabilidade deles. Hoje em dia, coisas bobas como briga de adolescentes não são mais vistas como antes, quando a gente mesmo se virava pra resolver, agora é muito mais amplo e complexo. Saber o que é bullyng ou não é o primeiro passo pra tentar resolver o problema, mas a linha pra variar é bem tênue. Crianças e adolescentes são cruéis por natureza e a grande maioria das pessoas deveria aprender a lidar com isso como etapa de crescimento pessoal. Como preparação pra vida adulta onde todos tb são cruéis (haja vista os ambientes de trabalho). E pra mim talvez essa fase de preparação esteja sendo vista de forma distorcida por alguns.
Obrigada Hellenita…
Realmente o mundo está de pernas pro ar. Também sou totalmente contra qualquer forma de agressão e não faço com os outros, o que não aceito que façam comigo ^^
Um Beijão
Vlw Markee! Isso que você disse é fundamental: Insanidade Mental. Lembro-me que no dia fatídico do Massacre em Realengo, minha professora que é psicóloga, estava abaladíssima e achava absurdos ouvir coisas do tipo "Nossa, isso só acontecia nos Estados Unidos"…
Como assim?? Lá pode e aqui não? Lá é normal e aqui não? Precisamos compreender a sociedade de uma melhor forma e não agir como se agressões fosse algo natural.
Realmente, nada justifica!
Beijos
Ara
Minha Maria-Macho do coração! Bullyngs diferentes, mas que só nos fortalece né?
Te amo!
Amei o que vc escreveu.
Viviiiii!!! Você é uma inspiração!!! Adorei a sua visão sobre essa passagem da adolescência para a vida adulta, essa visão realmente distorcida. Acredito que a modernidade está transformando muitos pais em pessoas que temem perder seus filhos para a violência e com isso, os super-protege, tornando-os despreparados para a vida real!.
Beijão
Eu que o diga!
Eu sei o qto não é fácil educar hoje em dia…
Será esse um dos motivos que vejo tantos casais de amigos sem filhos, e sem querer tê-los?
é munto bom