Baseado no livro homônimo de Lew Wallace, escrito em 1880, o filme conta a história de Judah Ben-Hur, um príncipe judeu contemporâneo a Jesus Cristo, que se torna escravo após ser traído pelo melhor amigo, Ben-HurMessala. Ben-Hur começa, então, uma longa jornada em busca de vingança e justiça.

Existem algumas versões dessa história para o cinema, a mais conhecida é a de 1959 com Charlton Heston no papel principal e que levou nada menos que 11 Oscars. Muitos consideram a nova produção de 2016 como um remake, entretanto acredito que não devemos ver dessa forma.

Por que? Simples. A história é a mesma? Sim, afinal são baseadas na mesma fonte. Porém, a forma como a trama é conduzida é bem diferente. Se trata do mesmo filme, mas não é apenas um remake, é uma criação própria.

Mesmo assim, para quem viu o antigo, fica difícil não fazer comparações, por isso vou listar algumas diferenças no decorrer do texto.

No filme de 1959 temos uma história com 3h30 de duração, um pouco arrastada e com uma boa parte da trama dedicada ao romance entre Judah e Esther. Ilderim, mestre de Ben-Hur, funciona quase como um alívio cômico. Também, antes da corrida principal de bigas, há todo o trajeto de Ben-Hur como corredor, inclusive se tornando um dos mais famosos.

Já na produção de 2016 o roteiro ganha um ritmo melhor, conseguindo reduzir em 1h30 o filme ao focar em outros pontos da construção do enredo. Como, por exemplo, um maior foco na amizade entre Judah e Messala, relatada desde antes deste virar um tribuno militar, e também a relação do personagem principal com Ben-HurJesus Cristo – que ganhou mais espaço na história. Quanto a Ben-Hur como corredor, é apenas mostrado seu treinamento para a corrida principal, nada dá a entender que ele se tornou um profissional como no filme anterior.

Ainda contrapondo os filmes: não é à toa que o antigo ganhou tantos Oscars, foi uma produção megalomaníaca que garantiu seu lugar entre os clássicos. Hoje em dia, com todas as opções de pós-produção que temos, podemos acabar por desmerecer essa nova versão acreditando que tudo é feito digitalmente, mas aí que nos enganamos – grande parte do filme foi feito em locações, inclusive as cenas da crucificação e da corrida de bigas.

Em relação ao elenco, merece destaque o trio principal. Tobby Kebbell consegue passar, de forma controlada, um rancor enrustido pelas diferenças culturais existente entre Messala (romano) e a família Ben-Hur (judeus). Jack Huston, como disse em coletiva, se afastou da figura heróica que Charlton Heston construiu, mostrando mais a transformação que Ben-Hur passa de um menino para um homem. E, por incrível que pareça, Ben-HurMorgan Freeman não se destaca muito, o que não quer dizer que esteja mal, só não rouba a cena como de costume.

Já Rodrigo Santoro, prata da casa, merece um parágrafo só dele. Apesar da participação maior de Jesus nesse filme, ele deve aparecer em uns 20 minutos do filme.  Para quem se lembra, no filme de 1959, Jesus não fala, nem ao menos mostra o rosto. Nesse, ele cria um elo com Ben-Hur.

O personagem foi construído de forma simples, na intenção de mostrar um homem de carne e osso com uma bela mensagem, uma figura mais acessível. Arrisco dizer que é uma das melhores interpretações de Jesus que já vi, mesmo para quem não é religioso fica difícil não se emocionar nas cenas da Via Crucis e da Crucificação.

O único ponto que poderia ser melhor foi a escolha da trilha sonora, ao optar por músicas mais modernas acredito que perderam a chance de enfatizar o estilo épico do filme, o qual seria melhor construído com músicas instrumentais.

Finalmente, o que posso concluir é que é uma produção de primeira, com cenas de ação de deixar qualquer um de boca aberta, que mesmo contando uma história já conhecida conseguiu inovar contando-a de outra forma e, com certeza, superou o fantasma do remake ao construir um novo filme e não uma repetição.

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Fotógrafa, publicitária, traça de livros e apaixonada por cinema.

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