Em 2008, atentados sincronizados atingiram a cidade de Bombaim, na Índia. O evento ficou conhecido como o “11 de setembro” indiano. Os ataques atingiram oito pontos da cidade: a estação ferroviária, um hospital, uma casa judaica, um restaurante turístico, um cinema, um quartel-general e dois hotéis de luxo. O filme Atentado ao Hotel Taj Mahal conta especificamente sobre a parte do ataque terrorista que ocorreu neste hotel.
Baseado em fatos reais, o filme acompanha a trajetória de alguns personagens dentro deste ambiente: o chef Hemant Oberoi e o garçom Arjun, um casal de hóspedes com seu filho pequeno e a babá, e um hóspede russo. Além de acompanhar também os próprios terroristas.
Tendo isso posto, quero deixar claro que tenho sérias críticas a filmes baseados em situações como essa. Terroristas costumam ter como um dos objetivos de seus ataques a visibilidade. Com isso, e tendo em vista que os autores desse ataque não foram presos, vejo problemas em produzir um filme desses. Atentado ao Hotel Taj Mahal pode ser visto como uma propaganda a causa. Como uma vitória por parte dos seus mandantes que alcançam a fama.
Sendo assim, comecei a ver o filme com um certo preconceito moral sobre a trama. Ainda assim, o que pode parecer ruim, foi ótimo para minha análise final do filme. Não mudei de ideia, continuo com a mesma opinião do parágrafo anterior. Mas isso de certa forma me ajudou a me surpreender ainda mais com o filme.
Atentado ao Hotel Taj Mahal – prepare as emoções
Meu maior medo era que se tornasse um filme clichê, com salvamentos mirabolantes dos personagens principais para ter um final feliz. Para não dar spoilers digo apenas uma coisa: não se apegue aos personagens.
A trama é crua e real. A dor é latente. A sensação que o filme me trouxe é o de que foi construído para que o espectador se sinta dentro do atentado junto aos personagens. Inclusive recomendo que seja visto no cinema, pois a distribuição do som é crucial para essa sensação.
Ainda que se trate de uma ficção, saber que foi baseado em fatos reais faz com que cada minuto de filme fica mais difícil e denso de ser assimilado. Até mesmo a fotografia, direção, trabalho de cores tudo te traz para dentro da ação.
Por fim, o elenco trabalha de forma impecável. Dev Patel e Anupam Kher, nos papéis de funcionários do hotel, trazem uma devoção ao hóspede impressionante. E é interessante observar que no atentado real a maior parte dos mortos foram de funcionários. Com essa informação podemos levantar inúmeras questões de classe, trabalhistas e de serventia – que não trarei aqui mas vale o debate.
Do outro lado, temos Jason Isaacs fazendo um russo pedante – e com segredos – aquele personagem que amamos odiar. E no núcleo familiar Armie Hammer, Nazanin Boniadi e Tilda Cobham-Hervey trazem uma relação complexa e cheia de chegadas e partidas. Todos dando o melhor de si.
No núcleo dos terroristas, Suhail Nayyar e Kapil Kumar Netra abraçam a causa. Mas é Amandeep Singh que te fará humanizar os “monstros” da história.
Parecer final
Independente do núcleo, te garanto que em algum momento um desses atores te fará chorar. Ou mais de um. Ou todos. Confesso que saí da sessão com os olhos inchados de tanto chorar. E o filme, de forma geral, me fez ter reações físicas à história.
Não apenas susto ou choro, mas tive tremores pelo impacto das situações. O mergulho na história é real. Inclusive acredito que não seja um filme recomendável para quem tem o coração fraco.
Enfim, o Atentado ao Hotel Taj Mahal é mais do que uma “vitória” dos terroristas em alcançar a notoriedade. É uma homenagem a pessoas que se uniram em busca da sobrevivência. Assim, não é um filme para passar tempo, deve-se assistir sabendo que sairá com a sensação de ter sido atropelado emocionalmente. Mas vale muito a dor na alma que gera ao final.
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