Como bem acreditava Aristóteles, a Arte imita a vida. Mas, no caso do Cinema, nem sempre o que vemos na tela é exatamente uma representação fiel do que acontece na realidade. Amor por Direito cartazSim, a Sétima Arte é capaz de mostrar a evolução da Sociedade ao longo dos anos (e de muitos filmes), entretanto, em muitos casos, a tal evolução mostrada na telona não passa de uma utopia de alguma mente sonhadora almejando um futuro melhor. Felizmente, Amor por Direito (ou Freeheld, no título original) é um filme “baseado em uma história real”.

Escrito pelo veterano Ron Nyswaner (indicado ao Oscar por Filadélfia), o roteiro narra a história da policial Laurel Hester (Julianne Moore) que, portadora de um câncer em estado avançado, tem dificuldades para convencer o governo a deixar sua pensão para seu grande amor, com quem divide uma casa e possui um relacionamento longo o suficiente para tal. O problema, aos olhos do governo, é que o tal “grande amor” é outra mulher, a mecânica Stacie Andree (Ellen Page). Mas na luta contra o preconceito, Laurel conta com a ajuda de seu parceiro (Michael Shannon) e de um ativista (Steve Carell) para exigir o seu direito.

Mesmo contando com um elenco repleto de nomes conhecidos e talentosos, numa história forte e real, Amor Por Direito jamais consegue envolver o espectador, optando por seguir uma estrutura esquemática e que ainda abusa dos mais diversos clichês para construir sua trama. Previsível e artificial, o filme até possui alguns bons momentos graças à habitual entrega da excelente Julianne Moore e do desempenho sincero e carismático do também ótimo Michael Shannon, mas a caricata composição de Steve Carell acaba atrapalhando momentos-chave da trama.

A direção de Peter Sollett (do açucarado Uma Noite de Amor e Música), por outro lado, merece elogios pela naturalidade com que a trama é conduzida, e que fica ainda mais evidente graças, mais uma vez, às boas performances das protagonistas.

Infelizmente, toda a força do tema central acaba sendo diluída à medida que a história se encaminha para seu previsível final, uma lástima surpreendente se lembrarmos que seu autor também foi o responsável pelo relevante Filadélfia.

Ao acenderem-se as luzes, o sentimento que fica é o de ter assistido a um filme sério, mas que não foi tratado com cuidado o suficiente para ser lembrado como algo relevante. Felizmente, para isso temos Filadélfia.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...

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