Lançado em 1959, o épico Ben-Hur não só alcançou o status de Clássico, como também passou a ser reverenciado como uma das obras mais icônicas e influentes da História do Cinema.
Tornando-se referência em termos de direção e montagem, também surpreendeu o público com efeitos especiais até então incomparáveis. Dirigido pelo lendário William Wyler, o filme também estabeleceu (de forma definitiva) o ator Charlton Heston como uma das maiores estrelas de sua época, venceu 11 Oscars (um recorde que permanece há mais de 50 anos), e foi um dos maiores sucessos de todos os tempos.
Como é fácil perceber, tudo relacionado a Ben-Hur é superlativo, uma situação completamente distinta de sua nova versão.
Escrito por Keith R. Clarke em parceria com John Ridley (vencedor do Oscar por 12 Anos de Escravidão), o novo filme descarta o rótulo de “refilmagem”, pois tenta se manter mais fiel ao livro de Lew Wallace do que à produção de 1959, mostrando o príncipe Judah Ben-Hur (Jack Huston) e sua amizade com Messala Severus (Toby Kebbell), passando por todo o processo envolvendo o período em que foi escravo até culminar na famosa corrida de bigas. E as diferenças em relação ao filme de 1959 já começam na relação entre Judah e Messala que aqui ganha um pouco mais de profundidade.
E já que mencionei Messala, a produção confere ao personagem uma bem-vinda oportunidade de apresentar sua versão para a história, fugindo das vilanescas e triviais atitudes tomadas em 1959.
Com essa humanização, percebemos que Messala talvez seja apenas mal compreendido, o que fica nítido na composição do ator britânico Toby Kebbell (o Dr. Destino do novo Quarteto Fantástico) que até se esforça, mas acaba sabotado pelas próprias limitações, se saindo melhor ao ilustrar a relação de Messala com Judah Ben-Hur.
Sentindo o enorme peso de não apenas interpretar um personagem emblemático, como também suceder o astro Charlton Heston, Jack Huston (em seu primeiro grande papel em Hollywood) faz o que pode, mas acaba sofrendo com as inevitáveis comparações. Embora tente conferir autenticidade ao seu Ben-Hur, Huston esbarra na própria canastrice, numa performance que apenas o coloca no mesmo nível de seus fracos colegas de elenco, com exceção do sempre eficiente Morgan Freeman.
Já os roteiristas se saem relativamente melhor, pois ao seguirem a trama do livro ao invés do filme original, acabam criando uma história mais enxuta e concentrada nos personagens. Adotando um tom ainda mais religioso, Clarke e Ridley propõe uma troca no mote do filme: sai a vingança e entra a redenção, um caminho que é pavimentado pela presença maior de Jesus (um conjunto de frases de efeito interpretado por Rodrigo Santoro), que aqui gera mais influência nas atitudes do protagonista do que em 1959.
Os efeitos especiais, por sua vez, nem de longe impressionam, soando apenas como esforços competentes de uma equipe mais chegada ao CGI do que a efeitos práticos. E por falar em CGI, embora tecnicamente eficiente, a icônica sequência da corrida de bigas pode até transmitir alguma intensidade, mas o excessivo uso da tela verde jamais superará o poder de uma cena filmada com efeitos práticos.
Agora mais ciente de suas limitações, o diretor russo Timur Bekmambetov (O Procurado) finalmente consegue se redimir depois do terrível Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros, adotando uma postura mais conservadora e sem chamar atenção para si, fazendo um bom trabalho nas cenas de maior intensidade, ainda que tropece naquelas de teor mais dramático. Falhando ao não conseguir manter o ritmo na transição do primeiro para o segundo ato, a montagem talvez seja o principal problema do filme, transformando a maior parte das sequências de ação num amontoado de cortes. Por outro lado, a trilha sonora de Marco Beltrami é o maior acerto do filme, contribuindo para a criação da atmosfera através de belos acordes.
Contando com mudanças consideráveis em seu desfecho, o novo Ben-Hur certamente passa longe da excelência, mas ao adotar um tom mais pacificador e otimista, garante a toda uma nova geração que a redenção é muito mais recompensadora do que a vingança.
E em tempos tão obscuros, essa é uma mensagem mais do que elogiável: é necessária.
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