Parece que foi ontem que M. Night Shyamalan despontou com seu excepcional O Sexto Sentido. Mas a verdade, acredite se quiser, é que 15 anos se passaram e Shyamalan deixou de ser uma promessa para se tornar uma piada.
Sua mais nova produção certamente deve deixar seus fãs aliviados, pois ainda que não chegue aos pés de sua primeira empreitada, ao menos passa longe de atrocidades cinematográficas anteriores, como Fim dos Tempos, O Último Mestre do Ar, ou o imperdoável Depois da Terra.
Aqui, Becca e Tyler são dois irmãos que conseguem convencer a mãe a liberá-los para uma viagem até a casa dos avós, que se distanciaram graças a uma antiga briga com a filha. Mas o que era para representar uma estadia agradável, acaba se tornando uma experiência cada dia mais estranha.
Escrito e dirigido por Shyamalan (como nos bons tempos), o filme se ajusta à popular estética das “filmagens encontradas”, aqui perfeitamente justificada através do sonho de Becca em se tornar uma cineasta de sucesso.
Interpretados pelos carismáticos Ed Oxenbould (o jovem protagonista de Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso) e Olivia DeJonge, os irmãos possuem química e rapidamente conquistam o espectador graças a um inesperado tom cômico que permeia todo o primeiro ato da trama. Entretanto, o grande destaque do elenco fica por conta de Deanna Dunagan (a Susan Marbury da série House of Cards), que interpreta a avó com intensidade e doçura na medida certa.
Não faltam sustos e tensão, principalmente nas cenas noturnas, que exploram ao máximo o potencial do design de produção, que opta pela discrição na concepção da casa de seus velhos habitantes. Infelizmente, porém, o filme é prejudicado por um final que jamais faz jus a toda expectativa criada até então. O filme ao menos se dá ao luxo de apresentar algumas boas subtramas que, se não são bem elaboradas o bastante para enriquecer a trama, ao menos servem para humanizar seus personagens.
Contando também com a tradicional reviravolta que se tornou a marca registrada de seu diretor ao longo dos anos, A Visita é uma produção mediana, quase banal, que consegue algum brilho graças ao talento recuperado do outrora brilhante M. Night Shyamalan. Nos resta esperar até seu próximo trabalho para sabermos se realmente voltou à boa forma.
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