Daniel Davidsohn é mestre em Artes pela Schiller International University de Londres e fez cinema na New York Film Academy, em Los Angeles.
Escreveu, produziu e dirigiu vídeos e curtas-metragens, entre eles o Estado de Espírito, com Raul Cortez e Alexandre Borges. É autor do roteiro Café, vencedor do Hollywoodscript.com Contest em 2005, e do romance Do Nilo Ao Eufrates.
Roteirista do The Queenswalk Legend, vencedor do Gold Seal de melhor filme de curta-metragem no Festival de Cinema IAC, no Reino Unido, dirigido pelo produtor indiano Vivek Singhania.
Ele está lançando seu mais novo romance de ficção, Mare Crisium, onde você pode saber mais no post “Livro Mare Crisium é romance de ficção sobre um dos mistérios da ciência“.
Confira, abaixo, a entrevista que ele nos concedeu.
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Quais são suas principais influências literárias?
Gosto de alguns escritores de ficção contemporânea, como o Michael Crichton, Dan Brown, Daniel Silva, J.J. Benitez e John Grisham. Também aprecio o jornalismo investigativo de Jim Marrs. Mas a minha maior influência é, sem dúvida, os autores desconhecidos ou alternativos, os anônimos da internet. É lá que eu encontro mais autenticidade, novas propostas e desapego.
Quais as motivações que o levaram a escrever o livro?
O Zbigniew Brzezinski, que foi Conselheiro de Segurança do Jimmy Carter, apontou existir um grande despertar político global, responsabilizando o rádio, a televisão e a internet por essa conscientização em massa. No passado, era mais fácil controlar 1 milhão de pessoas do que mata-las. Hoje, é mais fácil matar do que controlar. Esse despertar de consciência segue ganhando espaço, basta ver a repercussão causada pelas informações reveladas pelo Julian Assange e mais recentemente por Edward Snowden. As pessoas querem saber mais, querem a verdade. E o que isso tem a ver com a vida do cidadão comum? Tudo, em minha opinião. Porque o despertar de consciência tira o manto de legitimidade intocável de grandes corporações e de governos, que por sua vez possuem uma influência direta em nosso estilo de vida, nossa saúde, nosso modo de pensar.
Como é o seu processo de criação?
Começo com uma ideia que me incomoda, ou uma possibilidade que me fascina. No caso de Mare Crisium, incomoda a hipótese de que governos operem mais como organizações criminosas do que provedores de segurança e oportunidades às pessoas. E o que me fascina, a possibilidade de que a vida em nosso universo seja bem maior e mais rica do que estamos condicionados a acreditar. A informação que vem de dentro, do sujeito que faz parte de um sistema, se desencanta e decide falar sobre isso. As possibilidades da ciência, a supressão de soluções, coisas desse tipo.
Quando você começa a escrever um romance, já sabe como a história vai acabar?
Não faço a menor ideia de como a coisa acaba. Tenho, é claro, um caminho central a percorrer. Não há como fugir de um mínimo planejamento. Agora, saber o final, os detalhes, isso vou criando conforme o trabalho avança. Seria muito chato ter tudo pensado e planejado. Não funciona comigo.
Você escreveu o livro tendo em mente um público alvo?
Não. Escrevi uma ficção para quem curte ficção de um modo geral, e para quem se interessa por grandes temas que fazem parte desse cardápio de conscientização global. Na verdade, acho que escrevo aquilo que gostaria de ler, foi assim com o romance anterior também, Do Nilo Ao Eufrates.
Quais são as características mais marcantes e relevantes da obra?
De um modo geral, o fortalecimento do indivíduo e o enfraquecimento das instituições no sentido de se perder aquela crença cega que normalmente nutrimos em relação a elas. Precisamos ouvir mais as pessoas. Instituições não existem, são apenas nomes, logos, convenções. A única coisa real são as pessoas. E o que elas têm a dizer, quando não estão sob o controle das instituições, pode ser bem interessante.
Em termos de estilos, de narrativas, de recursos de linguagem, o que podemos destacar?
Talvez o fato de Mare Crisium ter sido inspirado por eventos e situações reais de conhecimento público. Eu tenho mais interesse por ficções antenadas com a realidade. Tenho uma curiosidade permanente em aprender, e cada vez menos apego a dogmas e convenções. Por quê? Basta olhar para o mundo e ver que somos uma locomotiva desgovernada, desperdiçando talento, recursos e oportunidades de progresso. Obviamente que há algo de fundamentalmente errado com a humanidade.
Como a ficção contribui para a construção de mitos numa determinada sociedade?
O ser humano é um consumidor de ideias. A ficção, o entretenimento e a educação possuem grande poder de construir ou desconstruir mitos. Veja o quanto mistificamos a história, as igrejas, os governos, as civilizações e as ideologias… Uma ficção tem a capacidade de reforçar ideias, sejam elas verdadeiras ou não. Escrevo apenas sobre aquilo que acredito, mesmo correndo riscos de estar equivocado. Não me agrada a ideia de se perpetuar algo que não condiz mais com o nosso tempo e realidade.
O que você acha do cenário literário brasileiro atualmente?
Não tenho muito conhecimento de mercado. Como em outros lugares, vejo muita concentração e destaque para os grandes autores, o que é natural. A literatura também depende de mercado. Ao mesmo tempo, vejo uma possibilidade cada vez maior para autores novos colocarem seus trabalhos à venda. Hoje há plataformas que possibilitam o autor independente arriscar uma publicação.
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