Baseado no livro homônimo de Paula Hawkins, A Garota no Trem conta a história Rachel Watson.
Após se separar de Tom ela passa diariamente de trem na frente de sua antiga casa, onde agora seu ex-marido vive com a nova esposa e sua filha. Ao começar a acompanhar a vida do jovem casal que mora ao lado ela passa a fantasiar histórias, até que um dia vê além do que devia e acaba se envolvendo em um grande mistério.
Gostaria de deixar claro desde já que não li o livro, inclusive, fui para a sessão completamente as cegas, sem fazer ideia do que se tratava o filme. E acredito que tenha sido uma ótima escolha para que aproveitasse melhor essa produção.
O roteiro trata de um suspense envolvendo a história de três mulheres (Rachel, Anna e Megan) e a forma como a vida das três se intercala. Aquele tipo de história que trabalha em cima do mistério de quem é o assassino, e isso funciona muito bem, até os instantes finais há dúvidas quanto a personalidade cada personagem, quem está falando a verdade e quem está mentindo.
Além de todas as incertezas, a trama ainda trabalha de forma bem interessante a questão de relacionamentos abusivos e como isso afeta a forma como a vítima disso vê a si e ao outro. Por conta disso muitos podem ver esse filme como feito para o público feminino, acredito que pelo contrário isso não deveria ser um limitador mas exatamente um motivo para que todos – principalmente homens – assistissem e repensassem seus relacionamentos.
Voltando aos pontos do filme, a direção e a fotografia ajudam a enfatizar ainda mais a aura de mistério. Com grande parte do filme fechado em closes, com tons em sua maioria acinzentados e desfocados, a dúvida do que realmente está acontecendo é permanente. Esses detalhes também valorizam o olhar bêbado de Rachel, parece que vemos boa parte da história de seus olhos e isso põe em dúvida a credulidade de muito do que é mostrado.
Inclusive, Emily Blunt deve ter passado toda a produção a base de álcool, pois sua atuação de alcoólatra é extremamente convincente, seus “olhos de ressaca” são reais. Haley Bennett e Rebecca Ferguson são muito parecidas, isso deixa a história um pouco confusa logo de começo, principalmente nos flashbacks, mas logo se acostuma a ver quem é quem – mesmo assim a atuação de ambas é mediana, atende ao necessário mas não impressiona. Justin Theroux, no papel de um homem sóbrio e contido, faz um bom trabalho a princípio e cresce conforme a trama vai andando.
Gostaria de saber a opinião de quem leu o livro, provavelmente sentirá falta de alguns detalhes como sempre, mas para quem não leu é um bom filme de suspense que constrói uma ótima linha cronológica e que cria reviravoltas na trama que surpreendem.
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