deadpool cartazJá faz um bom tempo que Ryan Reynolds tenta emplacar no universo das adaptações de quadrinhos. Para sua infelicidade, porém, seu currículo já soma três tropeços: o conturbado Blade: Trinity (2004), o fracassado Lanterna Verde (2011) e o famigerado X-Men Origens: Wolverine (2009), este último interpretando aquele que viria a se tornar seu personagem favorito e também verdadeiro objeto de obsessão: Deadpool. E hoje, depois de quase 10 anos tentando convencer os executivos da Fox, finalmente consegue estrear seu próprio filme como o mercenário tagarela.

Escrito por Rhett Reese e Paul Wernick, que já haviam acertado em cheio com o divertidíssimo Zumbilândia, o roteiro, inspiradíssimo, é repleto de referências, o que permite à dupla extrair humor de situações que homenageiam desde clássicos até blockbusters atuais, passando por astros de Hollywood e até mesmo a carreira do próprio protagonista (com destaque para os fantásticos créditos iniciais, que não poupam nem mesmo a produção do filme).

Mas o grande diferencial do filme está mesmo em seu protagonista: Deadpool consegue ser irreverente, divertido e sagaz sem se deixar conter pela chatice do politicamente correto. Aliás, o personagem parece não ter limites, chegando até mesmo a falar diretamente com o público (a chamada “quebra da quarta parede”) em vários momentos, o que acaba funcionando perfeitamente, dada a natureza insana do protagonista. Nesses momentos, os roteiristas aproveitam para brincar com clichês e fazer aquela provocação com os outros filmes do estúdio.

E por falar no protagonista, Ryan Reynolds prova ser a alma do filme: carismático como sempre, o ator canadense demonstra entrega total ao personagem, explorando ao máximo seu talento cômico e até mesmo uma surpreendente sensibilidade. DeadpoolTão criticado em outras produções, ele parece ter encontrado em Deadpool seu personagem perfeito, nos fazendo crer que definitivamente nasceu para interpretá-lo.

Outro que demonstra talento é o diretor estreante Tim Miller (advindo das animações) que consegue equilibrar bem o tom da narrativa, sempre oscilando com tranqüilidade entre as sequências cômicas e aquelas que abusam da violência. E como o próprio personagem faz questão de ressaltar logo no início da projeção, este não é um filme de super-herói comum: recheado de palavrões, nudez e lutas regadas a sangue, Deadpool faz jus à classificação indicativa que recebeu (18 anos nos Estados Unidos e 16 anos no Brasil).

Deliciosamente irreverente e deveras divertido, Deadpool é a primeira grande surpresa do ano, comprovando o brilhantismo de seus roteiristas, nos apresentando a um cineasta promissor e servindo também como redenção para um dos atores mais questionados da atualidade. Que venha Deadpool 2!

Obs: Há uma cena adicional após os créditos finais.

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Crítico de Cinema e Carioca. Apaixonado pela Sétima Arte, mas também aprecia uma boa música, faz maratona de séries, devora livros, e acompanha futebol. Meryl Streep e Arroz são paixões à parte...